Em pânico, Rio pede ajuda para o Exército

Rio

– Em nova demonstração de força, traficantes de drogas incendiaram ontem mais três ônibus e três carros na zona norte do Rio e na Baixada Fluminense, apedrejaram outros quatro coletivos e dispararam dezenas de tiros contra um supermercado, um shopping center e um posto de gasolina que não haviam acatado a ordem de fechar as portas na segunda-feira. Os ataques se concentraram na área do conjunto de favelas do Alemão, de onde seriam os bandidos que atiraram nas lojas.

Nesta região, o comércio ficou fechado, a determinação dos traficantes era não abrir até a meia-noite desta terça-feira. Nos dois dias de violência, 29 ônibus foram queimados. Entre a madrugada e a tarde de ontem dois ônibus foram queimados na Pavuna, na zona norte do Rio, perto do complexo do Alemão, e outro no bairro Nova Campina, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Durante a madrugada, bandidos atearam fogo a três carros de passeio em bairros da zona norte. No Alemão, de manhã, dois microônibus foram apedrejados. Nos bairros de Benfica e Del Castilho, na zona norte, dois coletivos também foram depredados. Não houve feridos.

Anteontem à noite, os ataques também se concentraram na zona norte. Por volta das 20h, um ônibus foi incendiado em Guadalupe e, às 21h30, outro foi atacado, na Avenida Brasil, na altura de Barros Filho. Durante o dia, na segunda-feira, os traficantes haviam queimado 24 coletivos e danificado oito em diferentes pontos da Região Metropolitana. Oito pessoas ficaram feridas.

As ações de traficantes, comandados pelo bando de Fernandinho Beira-Mar de dentro do presídio Bangu I e que impuseram o terror no Rio de Janeiro, causaram prejuízos de R$ 280 milhões ao comércio, somente na segunda-feira. Todo o efetivo policial foi colocado nas ruas para evitar um novo tumulto. A preocupação, agora, é com o Carnaval, que poderá ser prejudicado em razão da onda de violência, fazendo com que milhares de turistas deixem de visitar o Rio a partir do próximo sábado.

A governadora Rosinha Garotinho defendeu ontem o uso das Forças Armadas na segurança do Estado. Rosinha disse que a utilização do Exército, da Marinha e da Aeronáutica no combate à violência no Rio será um dos assuntos a serem discutidos com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. O encontro com o ministro, no entanto, ainda não está agendado. “Como o ministro já se colocou à disposição do governo do Rio para ajudar, vamos ver como poderá vir essa ajuda”, afirmou a governadora, lembrando que também irá discutir com Thomaz Bastos a transferência de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, para um presídio fora do Estado.

No entanto, o ministro da Defesa, José Viegas Filho, disse ontem, ser contra o uso ostensivo das Forças Armadas no combate à criminalidade no RJ. “Não devemos nos precipitar em propor o engajamento das Forças Armadas nesta situação. A defesa da lei e da ordem é competência das forças policiais e não das Forças Armadas”, disse Viegas. Ele passou dois dias fora de Brasília e hoje conversará sobre o assunto com outros ministros e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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