Em meio ao H1N1, falta até sabão em unidades de saúde de SP

Em meio ao surto de H1N1 em São Paulo, pacientes da rede municipal de saúde sofrem com a falta de itens básicos de higiene para prevenir a doença. Em algumas unidades, faltam álcool em gel e sabão. Há também doentes que precisam sentar no chão enquanto aguardam atendimento. Para especialistas, o quadro pode agravar ainda mais a propagação do vírus. Em nota, a Prefeitura informou que vai repor os itens de higiene.

Na quinta-feira, 31, à tarde, a sala de espera da Assistência Médica Ambulatorial (AMA) da Sé, no centro, estava lotada, o que obrigou pelo menos oito pessoas a sentar no piso para esperar a consulta. Com tosse e febre, o ator Luiz Castro, de 27 anos, era um deles. “É uma calamidade, as pessoas são tratadas feito latinhas de refrigerante amassadas”, disse. De acordo com Castro, ele esperou por mais de três horas na unidade. “O pior é a completa falta de higiene”, reclamou. “Não tem o mínimo básico.”

Um cartaz na entrada avisava que, “por prevenção”, os pacientes deveriam usar papel descartável, disponível na AMA, “ao tossir ou espirrar”. Não havia álcool em gel na unidade. No banheiro masculino, as pias estavam depredadas e os usuários nem sequer podiam lavar as mãos após utilizá-lo.

“É um absurdo. Só vim aqui porque estava me sentindo muito mal”, disse a empregada doméstica Cristiane Mendes, de 35 anos. Ela conta que sentia sintomas de gripe e estava na fila por cerca de quatro horas.

O infectologista Fernando Gatti de Menezes, do Hospital Albert Einstein, alertou que a falta de itens de higiene e a superlotação podem disseminar ainda mais o vírus, que já matou oito pessoas na capital paulista neste ano. “A higienização é o mínimo necessário”, afirmou. “É uma forma de prevenir.”

Segundo o especialista, os pacientes deveriam ser mantidos a mais de um metro de distância um do outro. “A aglomeração facilita a transmissão da doença, via gotículas”, disse.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirmou que solicitou mais cadeiras e acionou a equipe de manutenção para reparar o banheiro e repor álcool em gel. A previsão era de que a situação fosse normalizada até o final do dia de hoje. A pasta também disse que o quadro médico estava completo e que foram abertas 350 fichas para clínico-geral e 80 para pediatras até as 18 horas de ontem. “O tempo de espera, monitorado em sistema, não ultrapassou 1h30, dessa forma não procede a informação apurada pela reportagem”, disse.

Receio

A falta de álcool em gel também preocupava o cozinheiro Euzébio Gonçalves, de 41 anos, que levou a filha Julia, de 5, para a AMA Vila Barbosa, na zona norte, onde os recipientes estavam vazios. “Essa gripe está terrível e a gente percebe que faltam questões mínimas de higiene. A gente fica mais preocupado com as crianças.”

Acompanhando a filha Ana Gabriela, de 2 anos, que sentia dor de estômago, o controlador de acesso David Oliveira, de 35, também demonstrava preocupação. “O perigo é ela ser contaminada. Tem de tomar todo cuidado num hospital.” Em nota, a SMS afirmou que a AMA repõe constantemente o produto.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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