Dossiê afasta Berzoini da campanha de Lula

Pelo terceiro dia consecutivo, o escândalo do dossiê Vedoin fez vítimas na campanha de reeleição do presidente Lula, desta vez atingindo seu núcleo – Ricardo Berzoini, presidente do PT, deixou a coordenação. O caso também acertou em cheio a campanha de Aloizio Mercadante ao governo paulista, cujo coordenador de comunicação, Hamilton Lacerda, foi afastado.

A terceira baixa de ontem foi de Expedito Afonso Veloso, que entregou o cargo de diretor de Gestão de Risco do Banco do Brasil. Ao todo, cinco petistas graduados já saíram de suas funções depois de apontados como envolvidos com o dossiê ou sua divulgação.

No governo, o clima foi de tensão durante todo o dia. Pela manhã, Berzoini se explicou pessoalmente ao presidente Lula em reunião no Alvorada que contou com o marqueteiro João Santana. Alegou não ter envolvimento com a entrevista dada por Darci e Luiz Antônio Vedoin à revista "IstoÉ", na qual acusaram o candidato tucano José Serra de ligações com a máfia dos sanguessugas.

Mais uma vez, Lula disse ter sido surpreendido pelo envolvimento de pessoas próximas. A troca de Berzoini por Marco Aurélio Garcia na coordenação da campanha só foi confirmada à noite.

A Polícia Federal descobriu que o R$ 1,75 milhão apreendido com dois intermediários foi levantado com o conhecimento da cúpula do PT, por meio de um consórcio de empresas, pessoas e partidos da base aliada.

Ela pretende ouvir Oswaldo Bargas, Jorge Lorenzetti e o ex-diretor do BB sobre o caminho do dinheiro, mas já identificou os bancos de onde foi sacado. A PF cogita chamar também André de Oliveira Bucar, assessor do Ministério do Trabalho que pode ser a pessoa que levou a quantia até os intermediários presos na sexta-feira.

O escândalo já é noticiado na mídia internacional, com CNN, "El País" e "La Nación" informando sobre o caso em seus sites. Os desdobramentos também chegaram à economia. Bovespa, câmbio e juros sofreram as conseqüências do agravamento da crise cada vez mais próxima do Palácio do Planalto.

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