Brasília – O empréstimo de R$ 12,5 bilhões do Tesouro Nacional para recompor o caixa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) levou o partido Democratas (DEM) a entrar com nova ação contra o governo, no Supremo Tribunal Federal (STF). O partido quer suspender a operação por considerá-la inconstitucional. A ação direta de inconstitucionalidade (Adin) acompanha um pedido de liminar.

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As razões que levaram o DEM a recorrer ao Supremo são, basicamente, as seguintes segundo a vice-presidente da legenda, a senadora Kátia Abreu (TO): a autorização de empréstimos com recursos do Tesouro é prerrogativa do Senado, o que não ocorreu, uma vez que a transferência dos recursos foi feita pelo governo, com a edição da Medida Provisória (MP) 414; e, por conta do próprio instrumento utilizado na operação, no caso a MP. Os advogados do DEM argumentam que qualquer questão que diga respeito ao orçamento público só pode ser executada por meio da Lei Orçamentária.

Os R$ 12,5 bilhões foram transferidos do superávit financeiro ao BNDES, como relata o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em sua exposição de motivos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para a senadora, "é um disfarce de operação, é, na verdade, uma capitalização ao BNDES disfarçada de empréstimo".

A vice-presidente do DEM explicou que, como empréstimo a um agente financeiro da União, os recursos transferidos ao banco não entram no cálculo do superávit primário. "É o que chamam de investimento híbrido, que não estabelece prazo ou regras para pagamento ao Tesouro", ressaltou.

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Kátia Abreu levantou "a suspeita" de parte destes recursos serem utilizados em operações de financiamento como a aquisição da Brasil Telecom pela Oi/Telemar. A compra, segundo ela, tem financiamento de cerca de R$ 4 bilhões do BNDES. Ela também colocou sob suspeição a possibilidade de o governo utilizar os recursos para bancar investimentos de US$ 1 bilhão em Cuba, anunciados pelo presidente Lula.

"Eu acho que isso é um escárnio à sociedade brasileira quando o governo impõe aumento de impostos, desrespeitando o Senado Federal que está aqui, legitimamente, o povo brasileiro que não aguenta mais carregar sob seus ombros essa carga tributária tão pesada", defendeu a senadora do DEM.

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