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Delegado responsável por investigação de assassinato de Marielle deixa a função

Principal responsável pelas investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), o delegado Giniton Lages não participará da segunda etapa da apuração do crime – que teria como objetivo principal determinar os mandantes da execução e as razões.

O governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), informou no início da tarde desta quarta-feira, 13, que Lages está deixando a função para fazer um intercâmbio de quatro meses na Itália. Durante a investigação, Lages foi acusado de pressionar suspeitos a confessarem participação no crime, o que acabou levando a Procuradoria-Geral da República a determinar uma investigação federal sobre a investigação do crime.

“Ele não está sendo exonerado”, frisou o governador, rebatendo rumores que estavam circulando desde o início da manhã. “Também não está sendo afastado de nada; ele encerrou uma fase da investigação e, agora, outra autoridade vai assumir o caso para, eventualmente, determinar o mandante.”

O governador explicou ainda que o convite para o intercâmbio foi feito ao delegado na última terça-feira, mesmo dia em que foram anunciados o encerramento da primeira fase da investigação do caso Marielle e as prisões do PM reformado Ronnie Lessa, de 48 anos, e do ex-PM Élcio Queiroz, de 46 anos, acusados, respectivamente, de efetuar os disparos e conduzir o veículo no dia do crime.

“Como ele (Lages) está com essa experiência toda adquirida do caso e nós estamos com esse intercâmbio com a Itália exatamente para estudar a máfia e os movimentos criminosos, ele vai fazer essa troca de experiência com a polícia italiana”, afirmou o governador.

Segundo Witzel, a substituição de Lages não trará prejuízos à investigação. “Ele (Lages) está cansado, esgotado”, justificou. “O conhecimento da investigação foi compartilhado com outros delegados; mudar um delegado para colocar outro, mais descansado, é natural; trata-se de uma melhoria da capacidade investigativa.”

Ao longo da investigação, Giniton Lages foi acusado de pressionar suspeitos para confessarem sua participação no assassinato da vereadora. Foi por causa dessa acusação, inclusive, que a procuradora-geral da república, Raquel Dodge, determinou, em novembro passado, que a Polícia Federal apurasse se havia alguma interferência de autoridades policiais na apuração do crime, instituindo o que se chamou de “a investigação da investigação”.

A acusação partiu do ex-PM Orlando de Curicica, que se encontra preso em um presídio de segurança máxima no Rio Grande do Norte, e que foi apontado por uma testemunha-chave de ter sido o responsável – junto com o vereador Marcelo Siciliano – pelo crime. Essa testemunha, um ex-braço direito de Curicica, contou que teria presenciado uma conversa entre o chefe e o vereador, tratando da morte de Marielle Franco.

Curicica e Siciliano sempre negaram a acusação. Curicica, inclusive, acusou o delegado de o estar pressionando a confessar a participação no crime. Na manhã de terça-feira, durante a entrevista coletiva em que anunciou o encerramento da primeira fase da investigação do crime, Giniton Lages afirmou que a tal testemunha-chave teria voltado atrás em seu depoimento e admitido que teria feito as acusações para se livrar de uma suposta perseguição do ex-chefe. Também na coletiva, Lages afirmou que a participação de Siciliano, bem como a de outras pessoas, não estava descartada.

“Em nenhum momento a DH (Delegacia de Homicídios) legitimou ou deixou de legitimar qualquer linha de investigação”, disse o delegado. “A testemunha voltou atrás de seu depoimento, mas não afastamos nenhuma linha para a segunda fase do inquérito. Nem Siciliano nem ninguém está afastado.” O vereador voltou a negar sua participação no caso. “Eu espero a resolução desse caso o mais rápido possível para poder tocar normalmente a minha vida”, afirmou Siciliano.

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