CUT quer o governo Lula fora das negociações da Alca

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) defendeu hoje (30) que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva abandone as negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Em um sinal de que não aceitará todas as decisões do novo governo, apesar da histórica simbiose entre o PT e a central sindical, o diretor de Relações Internacionais da CUT, Kjeld Jacobsen, argumentou que a Alca não apresenta nenhuma possibilidade de vantagem para o Brasil e que, portanto, esse acordo seria contraditório com a agenda de crescimento econômico defendida por Lula.

“Há diferença entre o sindicalismo e o governo do PT, por melhores que sejam as relações que tenhamos. Nós, da CUT, preservamos nossa autonomia”, afirmou Jacobsen, ao ser questionado sobre a recente mudança do discurso do PT, que agora assumiu uma linha mais tolerante e aberta às negociações da Alca. “A Alca apresenta mais desvantagens que vantagens para o Brasil, principalmente para setores que são geradores de empregos. Para nós, esse acordo vai custar postos de trabalho e, por isso, achamos que o governo deva sair das negociações”, completou.

Jacobsen participou da Jornada de Resistência Continental contra a Alca, um dos eventos do Fórum Social que está sendo realizado em Quito paralelamente à reunião de ministros. Em seu ponto de vista, o futuro governo poderá contornar uma das falhas da atual administração caso exponha à sociedade quais são, pontualmente, suas metas em relação à Alca – assim como os Estados Unidos vêm fazendo nos últimos anos.

Se o governo Lula vier a deixar claro onde quer ganhar e onde está disposto a abrir concessões, Jacobsen acredita que a Alca não interessará mais aos Estados Unidos e, portanto, será abortada. “Se Lula implementar a agenda de crescimento econômico que vem defendendo, a Alca não caberá nela. As condições que o Brasil apresentar tampouco seriam aceitas pelos Estados Unidos”, afirmou.

Amanhã (31), os participantes do Fórum Social deverão marchar pelas ruas centrais de Quito em protesto contra a Alca e em defesa de um projeto alternativo de integração das Américas, mais voltado para uma agenda de desenvolvimento e de ação social. O ponto final das manifestações será o Hotel Marriott, onde transcorrem as negociações preliminares para a reunião dos ministros dos 34 países, sob forte proteção policial.

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