Cunha diz que sociedade não valoriza o Congresso

São Paulo – O presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), voltou a se queixar ontem da falta de reconhecimento da sociedade brasileira, e em especial da imprensa do País, para com o trabalho realizado pelos parlamentares.

O deputado participou da abertura do encontro internacional “Democracia, Governabilidade e Partidos Políticos na América Latina”, no Parlamento Latino-Americano (Parlatino), em São Paulo, e citou a aprovação dos estatutos do desarmamento e do idoso como exemplos de boas realizações do Poder Legislativo.

Segundo ele, no retorno do recesso, provavelmente na terceira semana de agosto, a Câmara dos Deputados deverá aprovar a nova legislação das agências reguladoras, a proposta de emenda constitucional do trabalho escravo, a construção da Universidade do ABC e a lei que cria o programa “Universidade para Todos”.

Coerência

Ao mesmo tempo, João Paulo cobrou mais coerência nas cobranças feitas pela imprensa e pela sociedade. “Pelo fato de votarmos vários projetos numa semana, fomos criticados por votar tudo numa semana”, afirmou, referindo-se ao esforço concentrado do Congresso antes do recesso parlamentar no meio do ano. “Se não tivéssemos votado, seríamos criticados por não votar”, complementou.

O mesmo vale, segundo ele, para as críticas sobre decisões do Congresso para alterar propostas de lei encaminhadas pelo Executivo. “Se não alteramos os projetos que vêm do Executivo, nós não temos independência e autonomia. Se alteramos (a crítica) é porque alteramos. É importante reconhecer a partir do mérito, porque votamos muitas coisas boas”, cobrou.

Outra queixa do parlamentar se deve ao fato de a sociedade criticar os proventos recebidos pelos parlamentares quando há convocação extraordinária. “Este ano, houve convocação extraordinária no meio do ano? Não. Então por que criticar?”, indagou.

União

João Paulo Cunha também defendeu ontem a necessidade de mais união entre os partidos políticos dos países latino-americanos para fortalecer os regimes democráticos jovens diante de processos econômicos ainda conservadores e antigos.

João Paulo fez a declaração em palestra na abertura do encontro internacional “Democracia, Governabilidade e Partidos Políticos na América Latina”, que reúne parlamentares de 75 partidos e de 22 países da América Latina até hoje, no Memorial da América Latina, na capital paulista.

O deputado enfatizou que, desde a década de 1980, a maioria dos países da América Latina vive um paradoxo entre a recuperação plena da democracia e processos econômicos ainda conservadores, que não conseguem solucionar o problema da concentração de renda.

Em palestra anterior à de Cunha, o presidente do Parlamento Latino-Americano, deputado Ney Lopes, destacou dados da última pesquisa do Instituto Latino-Barômetro, com sede em Santiago (Chile), realizada em 2002. Segundo a pesquisa, 50% das pessoas disseram que estão dispostas a aceitar um governo autoritário e 37% admitem que os governos passem por cima das leis, quando a situação for difícil. A pesquisa ouviu 18.522 pessoas em 17 países latino-americanos.

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