A crise política entre o governo da Bolívia e a oposição que domina as zonas mais ricas em recursos naturais daquele país impõe ao Brasil a urgência de se tornar auto-suficiente na produção de gás. A opinião é do pesquisador Giuseppe Bacoccoli, da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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Ele vê com preocupação os recentes conflitos registrados na Bolívia, mas afirma que esses movimentos não são recentes. “Isso vem se repetindo há algum tempo. O país tem conflitos sociais, étnicos e econômicos permanentes, que a toda hora ameaçam as instituições com manifestações”.

Para Bacoccoli, o Brasil acaba “dentro de um barril de pólvora” já que 50% do gás natural de que o país necessita são importados da Bolívia.

“Eu fico comovido e preocupado com isso (a situação no país vizinho). Mas fico preocupado também com o abastecimento de gás no Brasil. Nós temos que buscar soluções e não podemos mais ficar nessa dependência”, afirmou.

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A importação de gás natural liquefeito (GNL) pela Petrobras e a redução da queima de gás nas refinarias são consideradas por Bacoccoli soluções parciais e temporárias para evitar um problema de desabastecimento.

“A solução definitiva é a auto-suficiência brasileira em gás, que tem todas as condições de existir, contanto que haja insistência, persistência nos investimentos”, defendeu o pesquisador.

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Segundo ele, as descobertas recentes de petróleo e gás na camada pré-sal valem mais para a produção e exploração de gás do que de petróleo propriamente.

Para Bacoccoli, o que o Brasil precisa é “se libertar da dependência da Bolívia porque a insegurança do país vizinho, infelizmente, não deixa margem à tranqüilidade”.