Criminosos fraudaram vestibular em 50 faculdades

O grupo criminoso que vendia vagas em vestibulares de medicina fraudou o processo seletivo de 40 faculdades e universidades. A Polícia Federal chegou a divulgar lista com 54 instituições, porém a informação foi corrigida nesta tarde.

Na quarta-feira, ao menos 46 pessoas foram presas suspeitas de integrar sete quadrilhas. Os casos aconteceram entre 2010 e 2011, mas algumas atuavam havia mais de dez anos. As fraudes custavam até R$ 80 mil, diz a PF, e os lucros atingiam R$ 500 mil por vestibular.

A maioria das fraudes ocorria em vestibulares de instituições privadas, entre elas PUC-Pelotas (RS), Anhembi Morumbi (SP), Estácio de Sá (RJ), Centro Universitário de Maringá (PR) e PUC-Campinas (SP).

Segundo delegado Leonardo Damasceno, chefe do núcleo de inteligência do Espírito Santo, as faculdades não participaram das fraudes e auxiliaram na investigação.

A Operação Calouro buscava cumprir 70 mandados de prisão e 73 mandados de busca e apreensão em dez Estados e no Distrito Federal após 18 meses de apuração: Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiros, São Paulo, Tocantins, Rio Grande do Sul, Acre, Mato Grosso e Piauí.

Operação

Os vestibulares eram fraudados de duas formas. Numa delas, “pilotos” faziam a prova no lugar dos candidatos, usando documentos falsos. Essa opção custava ao “cliente” de R$ 45 mil a R$ 80 mil.

Na outra, “pilotos” respondiam rápido as questões para enviá-las por mensagens de celular ou ponto eletrônico. Custo: R$ 25 mil a R$ 40 mil.

Os “clientes” recebiam até treinamento sobre como usar equipamentos eletrônicos e se comportar na prova para não levantar suspeitas. Entre os chefes das ações havia empresários, médicos e fazendeiros, com “patrimônio gigantesco”.

 

Os “pilotos” eram geralmente alunos de medicina, ganhavam por gabarito feito (R$ 10 mil) ou por candidato aprovado (R$ 5.000 cada).

 

Havia também os “corretores”, que “vendiam” a oferta de fraudes a vestibulandos. Muitos deles eram profissionais da área de saúde.

Os acusados serão indiciados sob suspeita de formação de quadrilha, falsidade ideológica, falsidade documental, fraude em vestibular e lavagem de dinheiro.

Nenhum “cliente” foi preso. As apurações apontaram universitários beneficiados, disse o delegado, mas esse trabalho se intensificará agora. “Eles certamente serão indiciados.”

A PF informará às faculdades os identificados, e caberá a elas adotar providências, como expulsá-los. Para médicos já formados, será preciso comunicar outros órgãos, como o Ministério da Educação.