Crime organizado mata juiz com dois tiros no ES

Vitória

– O juiz da Vara de Execuções Penais do Espírito Santo, Alexandre Martins de Castro Filho, foi morto com dois tiros, um na cabeça e outro no peito, ao sair na manhã de ontem de uma academia em Itapuã, Vila Velha, no Espirito Santo. Os tiros foram disparados por dois homens, que fugiram após o ataque. O juiz foi levado a um hospital, mas não resistiu aos ferimentos.

Alexandre Martins de Castro Filho recebeu ameaças de morte por sua atuação no grupo contra o crime organizado no Estado. O juiz andava sem segurança. Foi ele quem transferiu o coronel Valter Gomes Ferreira, acusado de comandar esquema organizado de crimes, para o presídio federal de Papudinha, no Acre. O nome de Castro Filho constava em um documento elaborado em parceria pelo Centro de Justiça Global e Fórum Reage Espírito Santo sobre pessoas ameaçadas de morte.

O relatório “Crise de Direitos Humanos no Espírito Santo: Ameaças e violência contra defensores de direitos humanos”, divulgado em julho de 2002, trazia uma lista de juizes, promotores, delegados de polícia e defensores de direitos humanos jurados de morte. O documento, entregue em mãos ao então presidente da República Fernando Henrique Cardoso, chama a atenção para o assassinato de diversas pessoas e enfatiza a necessidade urgente de um programa especial de proteção para defensores de direitos humanos.

A Polícia Federal interrogou testemunhas do assassinato. O governador Paulo Hartung reuniu-se pela manhã com a cúpula de Segurança Pública do Estado, juntamente com o presidente do PT capixaba, João Coser, o presidente da Assembléia Legislativa do Espírito Santo, Cláudio Verezza (PT), e a deputada federal Iriny Lopes (PT-ES), que participa do Núcleo de Segurança Pública do partido.

“Fomos pegos de surpresa. Estava havendo um processo de desmantelamento do crime organizado no Estado, com um movimento muito forte da Comissão Especial e movimento de direitos humanos. A morte do juiz é uma tentativa de nos fazer recuar”, disse o secretário-geral do PT do Estado, Artur Sérgio Rangel Viana. O ministro da Justiça, Thomaz Bastos, foi para o Espírito Santo. O Tribunal de Justiça do Estado suspendeu o atendimento e decretou três dias de luto.

A polícia capixaba informou horas mais tarde que prendeu três policiais militares suspeitos de terem participado do assassinato do juiz.

O deputado Cláudio Verezza lamentou o crime em nota oficial e criticou a violência no Brasil. “Se não chegamos exatamente ao mesmo estágio, já estamos, de alguma forma, dando sinais de que é possível estarmos indo a passos largos para onde está a Colômbia, lamentavelmente”, declarou com relação aos casos de assassinatos de líderes políticos e integrantes do Judiciário do País.

Voltar ao topo