Crime choca aldeia indígena gaúcha

Porto Alegre

– Um crime chocou a comunidade da Aldeia Estiva, na Reserva da Guarita, em Redentora, município vizinho a Miraguaí. Na noite de segunda-feira, um grupo de jovens matou a chutes o índio caingangue Leopoldo Crespo, de 77 anos, enquanto ele dormia na calçada da principal avenida de Miraguaí, no noroeste do Rio Grande do Sul. Crespo, um dos mais idosos da área indígena, dormia na calçada de uma residência na Avenida Ijuí, por volta das 23h, quando um grupo formado por três ou quatro jovens o abordou a chutes. Eles também teriam jogado uma pedra no índio. Um deles seria menor de 18 anos e os outros estariam na faixa etária dos 19 anos.

O índio foi socorrido ainda com vida pela Brigada Militar de Miraguaí e levado para o Hospital de Redentora, onde já chegou morto. O morador da Avenida Ijuí que testemunhou o fato teria escutado barulhos de pancadas e um gemido. Ao verificar na rua o que estava ocorrendo, viu três rapazes deixando o local caminhando tranqüilamente pela avenida. Intimados a depor na delegacia, os jovens confessaram a agressão e alegaram que só queriam acordar o indígena.

Por não se tratar de flagrante, a prisão dos jovens não pôde ser realizada. Um pedaço de concreto foi localizado pela polícia no local, onde ainda ontem havia marcas de sangue, e pode ter sido utilizado no crime. No depoimento, os jovens relataram não se recordar de terem jogado a pedra na cabeça de Crespo. Segundo o cacique Carlinhos Alfaiate, os índios decidiram esperar que as autoridades façam justiça.

A indignação tomou conta dos indígenas da aldeia. Eles recordaram o assassinato do índio pataxó Galdino Jesus do Santos, que teve o corpo incendiado por jovens enquanto dormia em Brasília, em 1997, e vivem com receio de que algo semelhante aconteça a eles.

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