O Ministério da Saúde anunciou no fim desta terça-feira (20) que todas as crianças entre seis meses a um ano de idade devem receber a vacina contra o sarampo. A recomendação vale para todos os estados e passa a ser aplicada a partir desta quinta-feira (22).

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A medida antecipa a idade de imunização contra a doença, que indica a primeira dose aos 12 meses e a segunda aos 15 meses – recomendação que ainda se mantém, mas com a dosagem extra aos seis meses, chamada de “dose zero”.

As crianças, especialmente aquelas que ainda não completaram o primeiro ano de vida, são o público mais vulnerável ao sarampo. Nos últimos 90 dias, o Brasil registrou quase 1,7 mil casos confirmados da doença em 11 estados.

São Paulo registra o maior número de casos, cerca de 1,6 mil, mas há indícios confirmados da doença nos estados do Nordeste, Norte, Sudeste, Centro-Oeste e Sul. No Paraná, o segundo caso de sarampo foi confirmado nesta terça-feira (21).

Vacina: três doses?

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Apesar da recomendação pela vacinação aos seis meses de idade, os pais não devem deixar de vacinar a criança também quando ela completar um ano e, aos 15 meses, receber a segunda dose.

Isso porque, antes do primeiro ano de vida, a criança está com o sistema imunológico em desenvolvimento e pode não perpetuar os anticorpos adquiridos pela vacina por muito tempo, conforme explica Heloisa Giamberardino, médica pediatra epidemiologista.

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“Era algo até esperado por nós do meio médico [a antecipação da vacinação contra o sarampo para crianças a partir dos seis meses], justamente porque já trabalhamos com a vacina em crianças menores de um ano há muitos anos, quando o sarampo ainda era presente”, explica a médica, que é responsável pelo serviço de Epidemiologia, Controle de Infecções e Imunizações do Hospital Pequeno Príncipe.

Tomar três doses, portanto, não deve ser motivo de preocupação dos pais ou responsáveis, segundo a especialista.

“A vacina é segura, com poucas reações, feita com uma dose subcutânea. O que pode acontecer é a criança sentir dor no local da aplicação, mas é algo suportável. Febre não é comum, mas pode acontecer. Em casos raros, um rush cutâneo pode surgir entre sete a 10 dias após a vacina. Mas isso não é motivo para deixar de vacinar a criança”, reforça a médica.

As vacinas que protegem contra o sarampo são: tríplice viral e tetra viral. Além da doença, essas vacinas também protegem contra a rubéola e a caxumba (no caso da tríplice) e contra a varicela (no caso da tetra). As vacinas estão disponíveis nos postos de saúde e nas clínicas privadas de imunização.

Sequelas do sarampo

Sarampo não é igual catapora ou varicela. Trata-se de uma doença de maior morbidade e letalidade, com complicações graves, especialmente entre as crianças.

De acordo com a médica pediatra e epidemiologista, das complicações mais comuns, e graves, do sarampo, a principal é a pneumonia. Uma a cada 20 crianças com sarampo tende a desenvolver a pneumonia, segundo dados do Ministério da Saúde, sendo a causa de morte mais comum por sarampo entre as crianças.

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“Em seguida, a encefalite grave, que pode levar a sequelas permanentes. O sarampo é uma doença que afeta o sistema imunológico, deixando o corpo propício a outras infecções. Uma criança mais debilitada e que vem a ter sarampo, as chances de complicações aumentam muito. As crianças são o público-alvo, com maior risco de morte também”, explica Heloisa.

Uma em cada 10 crianças com sarampo também é acometida pela otite média aguda, ou as infecções de ouvido. Enfecalite aguda acontece uma a cada mil crianças, mas 10% das que desenvolvem a doença podem morrer por complicações na condição.

Com relação à letalidade do sarampo, o Ministério da Saúde estima que uma a três, a cada mil crianças infectadas, correm o risco de morte.

“O paciente que adquire sarampo precisa saber que não tem tratamento antiviral. Não tem medicação que vai combater o vírus do sarampo. Não tem tratamento. Para doenças que não tem tratamento, mas tem vacina, você não deve pensar duas vezes em tomar a vacina, respeitando as limitações”, alerta Heloisa Giamberardino, médica pediatra.

Quem não deve se vacinar

Crianças passando por tratamento quimioterápico ou fazendo uso de medicamentos imunossupressores (que afetam o sistema imunológico) não devem receber a vacina do sarampo. O mesmo vale para gestantes e adultos que estiverem com a imunidade comprometida. Mas, vale sempre conversar com o médico.

Sintomas

Dos sintomas da doença, é preciso ficar atento aos seguintes:

Febre alta, acima dos 38,5° Celsius;

Dor de cabeça;

Tosse;

Coriza;

Conjuntivite;

Manchas vermelhas pelo corpo. Elas tendem a surgir primeiro no rosto e na região atrás das orelhas. Em seguida, espalham-se pelo corpo.

Manchas brancas que surgem na mucosa bucal. O sintoma é conhecido como sinal de koplik, e aparece um a dois dias antes do surgimento das manchas vermelhas.

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