CPMI dos Sanguessugas corre risco de terminar sem relatório

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Jungmann, Biscaia e Amir Lando: abandonados na CPMI.

A CPMI dos Sanguessugas, criada para investigar a compra superfaturada de ambulâncias, tem quatro semanas para votar 206 requerimentos necessários para compor o relatório final, marcado para ser entregue até 19 de dezembro, caso os trabalhos não sejam prorrogados. Boa parte deles referem-se a pedidos de depoimentos e solicitação de informações. Se a demora persistir, o Ministério Público (MP) deve assumir as investigações pendentes para a conclusão do relatório final.

Desde o término das eleições, em outubro, a comissão trabalha em ritmo lento. Os parlamentares ouviram alguns depoimentos em sessões vazias, com poucos membros da comissão presentes. No período foram ouvidos o ex-ministros da Saúde Humberto Costa e Saraiva Felipe, ambos no governo Lula, e Barjas Negri, do governo FHC. O governador eleito de São Paulo, José Serra, ainda não compareceu à CPMI.

O relator da CPMI, o senador Amir Lando (PMDB-RO), afirmou que a comissão vem trabalhando na investigação e o relatório final será entregue dentro do prazo – de 13 a 15 de dezembro. Durante as eleições, o presidente da comissão, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), suspendeu sessões sob a alegação de que o clima eleitoral poderia refletir nos trabalhos dos parlamentares.

Segundo o relator, o senador Amir Lando (PMDB-RO), o ?clima político com a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é outro?. Indagado sobre se o clima poderia prejudicar a elaboração e a aprovação do relatório final, Lando respondeu que o trabalho continuará da ?melhor forma dentro do prazo estabelecido? e elogiu o que foi feito até agora. ?Estamos trabalhando continuamente e concluiremos o trabalho da melhor forma dentro do prazo estabelecido. Nós realizamos o objetivo, muito mais do que se imaginava, quando se criou a CPI, que era investigar o envolvimento de parlamentares com a compra superfaturada de ambulâncias.?

À época, o vice-presidente da CPMI, Raul Jungmann (PPS-PE), posicionou-se contra as interrupções. Recentemente, Jungmann disse haver desinteresse nas investigações por parte dos envolvidos, após as eleições. ?Não está havendo desvio dos rumos traçados pela CPMI. Está havendo um desinteresse e que a CPMI padece de enfermidade por causa do desinteresse pós-eleitoral, tanto do governo quando da oposição?, disse. Contudo, o deputado ressalta que ?a CPI nasceu com o mesmo desinteresse?. ?Nascemos sós e tivemos um imenso sucesso. Podemos chegar ao fim sozinhos, mas apresentando um bom resultado.?

Dossiê

Amir Lando avalia que a comissão não conseguirá abrir uma frente ampla de investigação sobre o caso da negociação de um dossiê contra políticos tucanos durante a campanha eleitoral. Segundo ele, a comissão só pode reforçar aspectos políticos, mas a investigação ficará a cargo da Polícia Federal e da Justiça Federal. ?A Polícia Federal e a Justiça estão muito à frente da CPI nas investigações do dossiê. A única conexão entre ele e os trabalhos da CPI é o Luiz Antônio Vedoin (dono da Planam)?, explicou.

Conselho de Ética ainda não julgou ninguém

Brasília (ABr) – O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, que analisa 67 processos de cassação de parlamentares suspeitos de envolvimento com a compra superfaturada de ambulâncias, teria que ouvir pelo menos 300 testemunhas para concluir a avaliação dos casos segundo as regras de defesa e acusação do órgão. Isso até o final da atual legislatura, porque a maioria desses deputados não se reelegeu e, se não houver essa urgência, escapará do julgamento político da casa. Continuarão ao longo do próximo ano os processos contra apenas cinco deles: João Magalhães (PMDB-MG), Marcondes Gadelha (PSB-PB), Pedro Henry (PP-MT), Wellington Fagundes (PL-MT) e Wellington Roberto (PL-PB).

Até agora, o conselho tomou depoimentos do empresário Luiz Antonio Trevisan Vedoin e da ex-funcionária do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino. Um único deputado investigado foi ouvido, João Corrêa (PMDB-AC).

Apesar das regras e da quantidade de testemunhas para serem ouvidas, o presidente do Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), aposta que os casos com provas serão punidos. ?Aqui não vai haver injustiça?, promete.

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