CPMI começa a investigar dossiê Vedoin

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas vai receber hoje requerimento para investigar a tentativa de compra, por petistas da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o conteúdo do dossiê Vedoin, montado para prejudicar candidatos tucanos. ?Queremos investigar tanto a compra do dossiê quanto o conteúdo para evitar que alguém levante suspeitas sobre o trabalho da CPMI?, disse o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), um dos sub-relatores da comissão, ao lembrar que o momento é delicado, por causa do segundo turno das eleições presidenciais.

Um dos pontos de partida da investigação poderá ser a convocação do prefeito de Piracicaba, Barjas Negri (PSDB), ex-ministro da Saúde. ?Sempre que se fala em dossiê, há o indicativo de que tudo começou com Barjas?, afirmou Gabeira.

Gabeira disse que mais à frente a CPMI poderá pedir a quebra do sigilo bancário e telefônico de Gedimar Passos e Valdebran Padilha, presos com R$ 1,75 milhão para pagar o dossiê; Freud Godoy, ex-assessor especial do presidente Lula, e Jorge Lorenzetti, chefe do núcleo de inteligência da campanha petista; Oswaldo Bargas, ex-secretário do Ministério do Trabalho; Expedito Veloso, ex-diretor de riscos do Banco do Brasil; e Hamilton Lacerda, ex-chefe de comunicação da campanha do senador Aloizio Mercadante (PT) ao governo de São Paulo, todos implicados com o dossiê. ?A Polícia Federal já cuidou dessa parte. Vamos aguardar um pouco, para evitar trabalhos paralelos?, afirmou Gabeira.

Ele acha que os integrantes da CPMI devem ter o máximo de cuidado neste período, por causa do segundo turno da eleição presidencial. ?Não há dúvida de que uma investigação no calor do segundo turno é arriscada. É preciso ter equilíbrio?, disse Gabeira. ?Além do mais, acredito que vamos ter dificuldades para reunir parlamentares em número suficiente para deliberações polêmicas neste período que antecede o segundo turno.? Gabeira disse que os sub-relatores só apresentarão requerimentos em caso de quórum alto, para ter a garantia da legitimidade da decisão da CPMI.

Cúpula não consegue se reeleger

Brasília (AE) – O eleitor abateu a cúpula da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas. Foram derrotados nas urnas o presidente da CPMI, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), o relator, senador Amir Lando (PMDB-RO), e o sub-relator, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP). Sobreviveram apenas os sub-relatores Fernando Gabeira (PV-RJ) e Raul Jungmann (PPS-PE), reeleitos. ?Não há dúvidas de que a derrota do presidente, do relator e de um sub-relator atingiu a CPMI. Não atrapalha as investigações, mas tira um pouco do entusiasmo com o trabalho?, disse Gabeira. Biscaia, Lando e Sampaio cumprem os mandatos até fevereiro.

Imagens complicam ?homem da mala?

Cuiabá (AE) – As imagens colhidas pela Polícia Federal no Hotel Ibis, em São Paulo, onde foram presos Gedimar Passos e Valdebran Padilha com R$ 1,7 milhão, destinados ao pagamento do dossiê contra o então candidato tucano, José Serra, complicam ainda mais a vida do ex-coordenador de campanha do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), Hamilton Lacerda. No dia 13 de setembro, Lacerda foi flagrado pelas câmeras entregando uma mala a Gedimar. E no mesmo dia, a dupla Gedimar (integrante do núcleo de inteligência da campanha do presidente Lula) e Valdebran (ligado ao diretório do PT em Mato Grosso) foi filmada no rol do hotel com a mesma mala em mãos. Na imagem, é Gedimar quem segura a mala. A convicção dos investigadores é a de que o primeiro milhão, destinado à compra do dossiê, estava dentro dela e que Gedimar entregou o dinheiro a Valdebran pouco depois.

No depoimento à PF, na sexta-feira passada, Lacerda declarou que dentro da mala havia apenas material de campanha e roupas. Afirmou também desconhecer qualquer negociação em dinheiro em torno do dossiê e responsabilizou o comitê de campanha de Lula pela negociação em torno da divulgação das informações, que poderiam ser usadas inclusive na campanha do presidente. Apesar das negativas, a PF mantém a suspeita de que Lacerda é ?o homem da mala? no escândalo.

O delegado Diógenes Curado, que cuida do caso, quer também aprofundar as investigações sobre a relação de Valdebran Padilha com o dono da Planam e chefe da máfia das ambulâncias, Luiz Antônio Vedoin. Em depoimentos anteriores, Padilha declarou que foi procurado por pessoas ligadas ao PT por causa da sua ?credibilidade? junto aos Vedoin, que conhece há algum tempo. A PF ainda tem um intrincado caminho para identificar a origem do dinheiro, mas tenta encurtá-lo pressionando os envolvidos. ?O caso se esclareceria mais rápido se eles decidissem colaborar?, tem dito Diógenes Curado.

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