Conselho federal condena práticas de “antienvelhecimento”

Parecer divulgado pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) hoje, condenou a indicação de determinados hormônios para pacientes com níveis normais dessas substâncias com o objetivo de retardar o envelhecimento. Essa técnica é conhecida como antienvelhecimento ou “antiaging”. “Não temos evidências, hoje, de que o uso de hormônios [como o de crescimento e a testosterona] em pacientes normais, para modulação do envelhecimento, tem base científica, mas temos o indicativo de que causam malefícios à saúde”, afirmou Maria do Carmo Lencastre, integrante da câmara técnica de geriatria do CFM.

De acordo com Lencastre, técnicas como essas são usadas em pacientes com idades variadas: de adultos jovens a idosos. Em alguns casos, o que se busca é o ganho de massa muscular, afirma. O problema é o desequilíbrio hormonal gerado e suas consequências, que vão de diabetes a câncer, explicou o CFM.

Os problemas existem mesmo quando se trata do chamado “hormônio bioidêntico”, propagandeado como igual ao produzido pelo corpo e sem efeitos danosos. “Para o hormônio atuar, ele tem que ser idêntico”, ressalva Lencastre. “Quando ele é produzido pelo organismo, ele é modulado. Quando damos e ele não é necessário no corpo, o organismo tenta compensar, o que acaba sendo uma sobrecarga.”

 

Matéria publicada pela Folha de S.Paulo em maio já relatava o posicionamento da Sociedade Brasileira de Geriatria, contra esse tipo de prática. Em um congresso realizado em maio, a sociedade publicou um alerta e divulgou planos de elaborar regras para coibir o uso dessas terapias junto ao CFM.

 

Após denúncias dessa prática pelo país e, também, de demandas para que as técnicas fossem reconhecidas pela entidade, a câmara analisou a bibliografia disponível sobre o tema e acabou por condená-la.

Esse parecer foi aprovado pelo conselho e apresentado hoje. Ele deverá ser transformado em resolução nos próximos meses, fortalecendo a proibição da prática no país.

Segundo Carlos Vital, 1º vice-presidente do CFM, o Código de Ética médico já proíbe a aplicação de técnicas sem comprovação científica. A resolução futura, diz ele, vai ampliar essa proibição. Médicos que descumprem as normas estão sujeitos de advertência verbal à cassação. Desde 2009, cinco médicos foram cassados no país por relação com essa técnica.

“A questão da eterna juventude ainda está no campo das fábulas, mas o homem ainda tem essa ambição”, disse Vital.