O Morro da Mangueira, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, amanheceu hoje (6) com o comércio parcialmente fechado, no dia seguinte às manifestações de moradores contra a violência policial, na noite de ontem. A reação começou depois que um jovem da comunidade foi baleado por policiais militares durante ação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Polícia Militar (PM).

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No protesto, os moradores queimaram um ônibus e interditaram por algumas horas a Rua Visconde de Niterói, que passa em frente à favela. Além de ter o comércio afetado, a Mangueira amanheceu com o policiamento reforçado por policiais de outras UPPs e do Batalhão de Policiamento de Choque da PM.

Os manifestantes dizem que os policiais agem com violência durante as operações na favela. “Eles entram aqui com a maior truculência e humilham os moradores. Estamos cansados de ser tratados assim”, disse uma moradora que não quis se identificar.

Welington Sabino Vieira, de 20 anos, foi baleado em um tiroteio entre policiais e criminosos no último sábado (4) na comunidade da Mangueira, segundo informou a assessoria de imprensa da UPP. Ele morreu ontem (5) no Hospital Municipal Souza Aguiar, na região central da cidade.

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De acordo com a polícia, no início da noite do último sábado, uma equipe da UPP da Mangueira estava em patrulhamento na localidade conhecida como Olaria quando criminosos viram os policiais e atiraram.

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Welington levou dois tiros e chegou a ser encaminhado para o hospital. Um policial também foi ferido no quadril e socorrido no Hospital Central da Polícia Militar. A polícia informou que Welington estava com uma pistola e um carregador.

Outro morador que não quis se identificar disse que o rapaz não era criminoso. “Ele era trabalhador, nós o conhecíamos. Em vez de chegarem aqui e matarem pessoas trabalhadoras, eles deveriam cuidar da luz, do esgoto e da água, que já estão em falta faz alguns dias”, disse.

Abalada, a mãe de Wellington, que tem mais dois filhos e não quis revelar seu nome, disse que o rapaz não era criminoso e que trabalhava como camelô. “Ele era quieto, calado, não fazia mal a ninguém. Eu vi o meu filho ser atingido e levado pelos policiais para o hospital. O sentimento agora é de muita tristeza.”