Começou por volta das 15h40 de hoje o julgamento que decidirá o destino da Carla Cepollina, 46, acusada de matar em 2006 o namorado, coronel Ubiratan Guimarães, comandante do Massacre do Carandiru.

continua após a publicidade

Carla será julgada por homicídio triplamente qualificado (por crueldade, motivo fútil e sem chance de defesa).

Os 25 possíveis jurados estavam reunidos por volta das 13h30 no fórum na Barra Funda, zona oeste de São Paulo. Dentre eles, apenas sete foram escolhidos para compor o júri.

Após a seleção, as testemunhas de acusação começarão a ser ouvidas. Entre elas está a delegada da Polícia Federal Renata Madi. Segundo a Promotoria, a mensagem de celular que ela enviou para o coronel no dia do crime teria desencadeado a briga entre o casal, resultando no assassinato.

continua após a publicidade

Também deverão ser ouvidos o filho do coronel, Fabrício Guimarães, além de Odete Adoglio de Campos, Marco Antônio Olivato e José Vinciprova Sobrinho.

A defesa selecionou outras cinco pessoas que deverão prestar depoimentos. São elas: Ana Cristina de Jesus Bonfim, Desiree Teixeira Freschet, Arduino Marco Fiaschitello, Roselli Adriane Soglio e Francisco Lobo da Costa Ruiz.

continua após a publicidade

A tese que será sustentada pela defesa da advogada é que Ubiratan foi morto por vingança, possivelmente de pessoas envolvidas em um esquema de caixa dois de campanha eleitoral.

Liliana Prinzivalli, mãe e advogada de Carla, disse que dias após o crime uma carta anônima com informações sobre um suposto esquema de corrupção eleitoral foi enviada à polícia. A carta, de acordo com ela, apontava que a morte do coronel teria relação com isso – ele foi deputado estadual e, na época do crime, concorria à reeleição.

Segundo o Tribunal de Justiça, a sala do júri está reservada para o caso até sexta-feira, mas a previsão é que o julgamento termine a depois de amanhã.

Carla Cepollina

Carla Cepollina, 46, responde em liberdade e nunca foi presa. Se condenada, pode ficar 30 anos na prisão.
De família rica, estudou no colégio Dante Alighieri, um dos mais tradicionais de São Paulo. Boa aluna, cursou administração na FGV (Fundação Getulio Vargas) e direito na USP.

Segundo a mãe, Liliana Prinzivalli, a filha e o coronel se conheceram por meio de um parente de Carla, da Polícia Militar. Namoraram por dois anos e meio.

Desde que foi acusada, Carla passou a trabalhar fazendo traduções e administrando os bens da família.
Liliana diz que a filha deixou de ter vida social. “Uma acusação dessa pesa muito.”

Crime

Comandante da operação conhecida como massacre do Carandiru, que resultou na morte de 111 presos em 1992, o coronel Ubiratan foi baleado em seu apartamento, nos Jardins ( zona oeste), no dia 9 de setembro de 2006.

A investigação da polícia apontou Cepollina como única responsável pelo crime. Ela foi a última pessoa a ser vista entrando no apartamento, e, segundo a polícia, sua motivação seria o ciúme.

Ela foi indiciada pela polícia e denunciada pelo Ministério Público sob a acusação de homicídio duplamente qualificado – por motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.