Comandante diz em CPI que piloto tentou jogar Airbus para gramado

O chefe de equipamento A320 da TAM, comandante Alex Frischmann, disse nesta terça-feira (14) à CPI do Apagão Aéreo da Câmara que as informações das caixas-pretas do avião acidentado no dia 17 de julho indicam que, segundos antes da tragédia, o piloto Kleyber Lima tentou como último recurso levar o avião para o gramado na lateral da pista principal de Congonhas. Para isso, o comandante do vôo 3054 usou o steering, um "minivolante". Enquanto Kleyber tentava esta manobra, o piloto Henrique Stephanini Di Sacco, que atuava como co-piloto, assumiu o controle do sidestick, que dá os comandos aos computadores de bordo. Os gráficos da caixa-preta mostram que Stephanini assumiu o controle do A320 nos momentos imediatamente anteriores à explosão do Airbus.

Segundo Frischman, não havia problema em os dois pilotos fazerem procedimentos simultâneos, na tentativa de evitar o acidente. "São funções independentes. Havia entrosamento adequado entre os pilotos", afirmou o chefe de equipamento. "Acredito que ele (Kleyber) tenha comandado ir para a esquerda, para chegar à ilha de grama. Eles queriam fazer alguma coisa para parar o avião", disse. Segundo Frischmann, o recurso de desviar o avião para a grama foi usado pelo piloto de um avião da BRA que teve dificuldades para pousar em Congonhas, no fim do ano passado. No caso do acidente da TAM, segundo Frischmann, "o tempo foi exíguo para tomar uma decisão".

Indagado com insistência pelos deputados, Frischmann, responsável pela contratação e treinamento dos pilotos dos A320 e A319, informou que não existe um treinamento específico para casos de vôos com reverso (freio instalado nas turbinas) travado porque o procedimento de vôo é exatamente igual para os casos de reversos funcionando normalmente. "Os treinamentos prevêem situações muito mais difíceis", disse o comandante.

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