Comandante de batalhão é exonerado após prisão de PMs

O comandante do 15º Batalhão da Polícia Militar do Rio, tenente-coronel Cláudio de Lucas Lima, foi exonerado do cargo após ter 65 subordinados acusados de envolvimento com o tráfico de drogas em Duque de Caxias. Ele foi substituído na manhã desta terça-feira pelo tenente-coronel Maurício Faria da Silva.

O comandante-geral da PM, coronel Erir Ribeiro, afirmou que ele foi retirado do cargo por não ter notado a corrupção no batalhão.

“Pela quantidade de policiais envolvidos, não estava ocorrendo fiscalização para que não ocorresse esse fato. Se ele não procurou saber, errou”, disse o comandante-geral.

De acordo com a PM, é a operação que prendeu mais PMs na história da corporação.

A quadrilha é acusada de receber propina de traficantes em favelas da Baixada Fluminense, dominadas pela facção Comando Vermelho. Quando o pagamento não era feito, PMs sequestravam familiares dos criminosos para garantir o pagamento.

O nome do ex-comandante do 15º BPM é citado em algumas escutas feitas durante a investigação. Mas não houve provas de que ele está envolvido ou mesmo se sabia da conduta dos policiais sob seu comando. Todos os 65 PMs denunciados são praças. O batalhão tem um efetivo de cerca de 600 homens.

“O policial militar tem que ter a certeza de que [a impunidade] acabou. Não aceitamos mais ser humilhados por desvios de conduta praticados por alguns”, disse Ribeiro.

 

O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou que a ação mostra que a PM se tornou mais “pró-ativa” na identificação dos desvios de conduta. A operação “Purificação” teve participação da Coordenadoria de Inteligência da PM, além da Polícia Federal, Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança e o Ministério Público do Rio.

 

“O combate ao desvio de conduta é algo que sempre preconizamos. Não há instituição que ganhe confiança sem mostrar a capacidade de cortar na própria carne”, disse Beltrame.

R$ 5 mil por dia

De acordo com as investigações, os dois Grupos de Ação Tática do batalhão recebiam até R$ 5 mil diariamente, dependendo do movimento das bocas de fumo das favelas da região. A principal comunidade de atuação era a Vai Quem Quer, mas outras 12 quadrilhas de favelas da cidade também eram extorquidas. Segundo a denúncia, os 65 PMs agiam em 11 “células autônomas”.

A Justiça expediu 65 mandados de prisão contra policiais e 18 contra civis. O último balanço divulgado pela Secretaria de Segurança aponta que 60 PMs foram presos (um em flagrante), e 11 civis, detidos (um em flagrante).

Um traficante do Mato Grosso do Sul, identificado até o momento como “Barão”, foi preso. Ele forneceria droga para as favelas da facção em Duque de Caxias.