Com mês violento, homicídios sobem 21,8% no 1º semestre

A cidade de São Paulo registrou novo aumento no número de homicídios – o quarto seguido – e encerrou o primeiro semestre com alta de 21,8% em relação ao mesmo período do ano passado.

De acordo com as estatísticas divulgadas hoje pela SSP (Secretaria da Segurança Pública), foram 586 homicídios dolosos (com intenção) de janeiro a junho, contra 482 no mesmo período de 2011.

O número de vítimas de homicídio doloso chegou a 622 (aumento de 21,2%), pois no registro de uma mesma ocorrência podem ser incluídas mais de uma vítima. É o que acontece em chacinas, por exemplo.

Considerando apenas o mês de junho, a alta no número de casos foi de 47% – conforma antecipado pela Folha – e no número de vítimas foi de 49% – 134 morreram assassinadas em 2012 contra 90 em junho do ano passado.

As estatísticas corroboram a onda de violência que ocorre na Grande São Paulo desde o fim de junho, com ataques a policiais e bases da Polícia Militar, queima de ônibus e mortes de suspeitos em confronto com policiais.

Junho foi o mês mais violento na capital paulista desde que os dados passaram a ser divulgados mensalmente pela SSP, no ano passado.

A Secretaria da Segurança Pública não comentou o crescimento dos homicídios em São Paulo. Na divulgação dos dados, destacou que houve queda nos casos de roubo a banco, sequestros e furtos.

Escalada

Ontem, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), comentou a declaração do secretário da Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, que disse anteontem que o Estado vive uma “escalada de violência”.

“Não tenho a menor dúvida de que os indicadores vão cair. Tem que preservar esse trabalho. Nós vamos investir fortemente em policiamento, treinamento, tecnologia, eficiência policial, e vai passar. Agora, nós não podemos ter medo de reação de criminoso. Então se a polícia não tivesse ido duro e firme contra o tráfico de drogas, inclusive na ponta, não teria tido a reação que tivemos dos criminosos nos últimos 15, 20 dias”, disse, em cerimônia sobre a inclusão de deficientes no mercado de trabalho.

Em outras ocasiões, o governador já havia defendido que a onda de violência seria uma reação de criminosos, principalmente de traficantes, ao trabalho da polícia.

No dia 13, em Ribeirão Preto (a 313 km de SP), ele disse que o crime organizado age para “desviar a atenção”, procurando “aliviar a pressão que o Estado faz contra o tráfico de drogas”.

Já no fim de junho, questionado sobre as mortes de PMs, disse que a polícia iria reagir. “Os criminosos serão presos. E, se enfrentarem a polícia, vão levar a pior. Essa é a ordem e o governo não retrocede um milímetro nesse trabalho”, disse.

Anteontem, ao comentar a morte do italiano Tomasso Lotto, 26, Ferreira Pinto afirmou haver uma escala de violência no Estado.

“É um a mais que ocorre na capital. A gente lamenta, o DHPP [Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa] e o Deic [Departamento de Investigações Contra o Crime Organizado] e estão fazendo todas as investigações no sentido de elucidar esse crime. Mas isso ocorre lá, ocorre na Cidade Tiradentes, ocorre em Itaquera. Lamentavelmente é a escalada da violência.”

No sábado (21), Lotto estava no carro de um amigo espanhol – um advogado filho do ministro de Justiça da Espanha – quando foram abordados por dois criminosos em uma motocicleta no cruzamento das avenidas Nove de Julho e São Gabriel, no Itaim Bibi (zona oeste).

Com uma arma, eles bateram no vidro e anunciaram o assalto. Lotto não entendia português e tentou sair do veículo; ele foi baleado no tórax, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Os dois criminosos fugiram em uma moto vermelha.

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