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Com 113 mortes em 6 dias, ES negocia com famílias de PMs

O caos da segurança pública na Grande Vitória completou na quinta-feira, 9, seis dias, com o registro de 113 mortes, superando a média mensal relatada em todo o primeiro semestre de 2016. Sob pressão, com famílias sitiadas, comércio fechado e uma crise de desabastecimento que já atinge grandes supermercados da capital, o governo aceitou negociar com as famílias dos policiais militares aquartelados.

À noite, mulheres de policiais militares se reuniram com representantes do governo para uma rodada de negociação. O grupo, que paralisa quartéis desde sábado, cobra um aumento de 43%, além de isenção total para os agentes. À meia-noite, um grupo chegou a deixar a reunião, alegando que havia um impasse e o governo não propôs reajuste. O Estado disse que a negociação continuava.

Já o movimento de adesão de outras categorias está dividido. O Sindicato dos Policiais Civis (Sindipol) realizou assembleia na quinta-feira, 9, e decidiu dar prazo de 14 dias para o governo do Estado apresentar proposta. Caso contrário, a promessa é de greve. A decisão, porém, não é unânime.

“Isso é uma proposta do Sindipol. O que está valendo para a categoria é o que foi decidido ontem (na quarta-feira, 8) no encontro das entidades unidas”, afirmou Rodolfo Laterza, presidente da associação dos delegados. Ele fazia referência à decisão de nove sindicatos e associações de abrir somente as delegacias regionais até decisão definitiva da categoria, em assembleia marcada para o dia 17.

Mortes e tanques. A expectativa de que a vida voltaria à normalidade foi frustrada logo pela manhã. Os primeiros ônibus começaram a circular, mas foram recolhidos às garagens por determinação do Sindicato dos Rodoviários, após a notícia de que o presidente do Sindicato dos Rodoviários de Guarapari, Walace Belmiro Fernaziari, foi morto a tiros em Vila Velha, na Grande Vitória.

À tarde, três carros de combate blindados do Corpo de Fuzileiros Navais patrulharam bairros do município de Serra, na Grande Vitória, considerado o mais violento do Estado. No bairro pobre de Carapina Grande, também em Serra, blindados foram aplaudidos.

Pelo menos 113 pessoas foram assassinadas desde o início do motim da Polícia Militar, segundo levantamento do Sindicato dos Policiais Civis. Entre os casos está o de Isabel Elias de Almeida, de 55 anos, que saiu de casa, em Cariacica, na Grande Vitória, na tarde de quarta-feira, 8, para comprar chinelos. Ela foi atingida por bala perdida, quando um carro passou e atirou na direção de homens que corriam na rua.

Enquanto não se chega a um acordo, moradores enfrentam dificuldades para encontrar carne, ovos e macarrão. Na quinta-feira, 9, foi mais um dia de estabelecimentos lotados, com filas para entrar nos supermercados e para o pagamento das compras. Algumas lojas interromperam o atendimento ao longo do dia por causa da superlotação.

O administrador Sebastião Guimarães, de 57 anos, comparou a situação de Vitória com a da Venezuela. “Estamos estocando alimentos, mas aqui também já estão faltando alguns produtos. Ontem (na quinta-feira, 9) minha mulher não encontrou carne.”

A falta de alguns produtos foi confirmada pelo subgerente do supermercado, Adélio Ramos. “Estamos com poucos funcionários. Os que vêm trabalhar é porque a gente vai buscar em casa, já que não tem ônibus nas ruas. Alguns fornecedores também não têm feito entrega.”

Outros Estados. Mesmo com promessa de reajuste de 10,22% parentes de agentes da polícia fluminense convocaram para hoje ato na frente dos quartéis cariocas, por meio de grupos de WhatsApp. No fim da noite de quinta-feira, 9, mulheres começaram a ocupar a frente do 28.º Batalhão da PM (Volta Redonda), sentadas em cadeiras de praia.

Já familiares de PMs mineiros prometem uma manifestação nesta sexta na frente do 5.º Batalhão de Belo Horizonte. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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