Clã Schincariol pode ser solto na semana

São Paulo – Os cinco sócios e os quatro diretores da cervejaria Schincariol presos na sede da Polícia Federal, na Lapa, na zona oeste de São Paulo, devem ser libertados até a próxima sexta-feira. Eles são acusados de envolvimento em um esquema de sonegação fiscal de R$ 1 bilhão.

?A não ser que apareça um grande fato novo, fatalmente todos serão soltos?, disse o procurador José Maurício Gonçalves, do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, responsável pela investigação. A defesa não comentou a possibilidade de liberdade. Os sócios da segunda maior cervejaria do País tiveram prisão temporária por cinco dias (renovável por mais cinco) decretada e foram detidos na última quarta-feira. As prisões vencem hoje e devem ser renovadas até sexta-feira.

Excesso

O publicitário Luís Lara, da agência Lew, Lara – que atende parte da conta da cervejaria Schincariol -, assumiu na sexta-feira, que cometeu excesso ao referir-se à possibilidade de publicação de reportagens favoráveis a seu cliente em revistas semanais, em troca da compra de publicidade.

Trechos de conversa telefônica gravada entre Lara e o executivo Adriano Schincariol foram divulgados na sexta-feira pela imprensa. A gravação foi realizada pela Polícia Federal durante a operação. Nas gravações, Lara citou as revistas Época e IstoÉ, e falou na necessidade de ?blindar? a Schincariol nessas publicações.

O publicitário também disse que, se a Schincariol comprasse publicidade na editora Três, poderia conseguir o que quisesse nas publicações da empresa. Até mesmo uma reportagem de capa sobre a cervejaria, o que de fato aconteceu na IstoÉ Dinheiro, editada pela Três, em fevereiro.

?Cometi um excesso. Uma agência não tem a função e nem o poder de interferir no conteúdo editorial dos veículos de comunicação?, disse Lara.

O publicitário afirmou ainda que o termo ?blindar? foi mal-interpretado. Segundo ele, a expressão seria um jargão publicitário usado quando uma agência quer ocupar espaços antes dos concorrentes.

A revista Época, da editora Globo, chegou às bancas ontem com a versão integral da gravação da PF. O diálogo entre Lara e Schincariol ocorreu em 17 de dezembro de 2004, dias depois de a revista ter publicado matéria sobre o regime tributário no setor de bebidas.

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