A partir de novas investigações sobre o complexo processo do parasita da malária para invadir as células do corpo humano, um grupo de cientistas britânicos descobriu uma proteína fundamental para a sobrevivência do protozoário na corrente sanguínea da vítima.

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De acordo com os autores do estudo, publicado na terça-feira, 7, na revista Nature Communications, a descoberta deverá abrir caminhos inéditos para o desenvolvimento de novas drogas que impeçam o funcionamento da proteína, aniquilando o parasita. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a malária mata 200 mil pessoas por ano e é responsável por 20% da mortalidade infantil na África.

A malária é causada por protozoários do gênero Plasmodium, que são transmitidos aos humanos pela picada da fêmea infectada do mosquito Anopheles. Uma vez no interior do organismo humano, o parasita utiliza um processo complexo para invadir as hemácias – as células vermelhas do sangue – e sobreviver em seu interior.

Os cientistas da Universidade de Leicester e da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres – ambas no Reino Unido -, identificaram uma das proteínas fundamentais para a sobrevivência do protozoário nas hemácias. De acordo com o artigo, eles conseguiram impedir o funcionamento dessa proteína, matando assim o parasita.

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Para fazer a descoberta, os cientistas utilizaram métodos de última geração para investigar as rotas bioquímicas envolvidas na sobrevivência do parasita na corrente sanguínea do hospedeiro.

As técnicas incluíram uma abordagem conhecida como genética química, na qual pequenas moléculas sintéticas são utilizadas em conjunto com modificações genéticas no DNA do parasita.

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A equipe, liderada por Andrew Tobin e David Baker, descobriu que uma proteína quinase chamada PfPKG tem um papel central em várias rotas que permitem a sobrevivência do protozoário no sangue. Segundo eles, futuras drogas poderão ser desenhadas para agir precisamente nessas rotas, aniquilando o parasita. Essa precisão permitirá que as novas drogas sejam menos tóxicas, o que possibilitará o uso seguro em crianças e mulheres grávidas – uma grave limitação para os remédios atualmente existentes.

Segundo Tobin, a descoberta é um marco na compreensão sobre a sobrevivência do parasita na corrente sanguínea e na sua capacidade de invadir as células do sangue. “Nós revelamos um processo que permite que isso (sobrevivência e invasão do parasita) aconteça e se ele puder ser o alvo para novas drogas, nós teremos algo que poderá deter a malária em seu curso sem causar efeitos colaterais tóxicos”, afirmou Tobin.

“É uma grande vantagem para a descoberta de novas drogas, já que conseguimos identificar um alvo molecular para uma droga específica e as consequências do bloqueio de sua função. Isso nos ajudará a projetar uma combinação mais eficaz de tratamentos e também ajudará a evitar a resistência à droga, que hoje é um dos principais problemas par ao controle da malária em todo o mundo”, disse Baker.