Cepal aponta que 3 em cada 10 brasileiras sofreram violência física

De cada dez brasileiras com mais de 15 anos, três já sofreram violência física extrema. Esse é um dos dados alarmantes do relatório sobre violência contra a mulher, elaborado pela Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) e divulgado nesta segunda-feira (26), Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher, no Rio.

O trabalho "Basta! O Direito de Viver uma Vida sem Violência na América Latina e Caribe" mostra que os principais agressores são os parceiros das vítimas. Além da violência física, elas sofrem ainda violência sexual, emocional e econômica. E isso ocorre em todas as classes sociais e graus de instrução – o texto informa que as principais vítimas são aquelas que completaram apenas o antigo primeiro grau, com exceção do Peru, onde aquelas que completaram o segundo grau sofrem mais violências.

"Há um traço sociocultural que legitima essa violência e se reflete na desigualdade de poder na relação de gênero. O desequilíbrio de poder nas relações é muito grande e, em geral, é exercido pelo homem", afirma Júnia Puglia, vice-diretora do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem), que lançou o relatório no Rio de Janeiro. Esse desequilíbrio de poder, acredita Júnia, está por trás de situações como a da adolescente no Pará, mantida por 20 dias numa carceragem com homens. "Para mudar essa situação é preciso haver uma trabalho de transformação da sociedade", afirma.

Júnia ressalta a grande dificuldade que os pesquisadores tiveram para encontrar "dados nacionais abrangentes e confiáveis" a respeito da violência contra a mulher. Numa das poucos informações sobre o Brasil, o relatório cita pesquisa feita em 2001 pela Fundação Perseu Abramo com 2.502 mulheres, segundo a qual uma em cada cinco entrevistadas havia declarado ter sido vítima de violência. O relatório mostra ainda que 90% dos latino-americanos consultados consideram a violência intrafamiliar um problema importante.

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