Caso Jango será investigado se houver “dado real”, diz ministro da Justiça

O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse que o governo federal poderá tomar alguma providência e "mobilizar uma investigação" se receber alguma informação concreta indicando que o Estado brasileiro tenha ordenado ou contribuído para um atentado contra o ex-presidente João Goulart, morto em 6 de dezembro de 1976, em Mercedes, na Argentina. "Para isso, precisamos de um dado real, que até agora não existe, pelo menos sob controle do Ministério da Justiça", ressaltou nesta segunda-feira (28) em Porto Alegre, onde participou de um painel com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o senador Pedro Simon (PMDB) na sede do Grupo RBS.

A discussão sobre a morte de João Goulart, que governou o País de 1961 a 1964, foi retomada pelo filho do ex-presidente, João Vicente Goulart, que diz ter certeza de que uma investigação sobre a morte de seu pai comprovaria que ele foi envenenado por militares uruguaios a pedido da ditadura brasileira. A tese tem sido fomentada por entrevistas que o uruguaio Mario Neira Barreiro, preso em Charqueadas (RS) por tráfico de armas, falsidade ideológica, roubo e formação de quadrilha, vem dando desde 2002, uma das quais ao próprio João Vicente, afirmando que participou da operação de assassinato de João Goulart e negando que a morte tenha ocorrido por um enfarte de causas naturais, conforme a versão oficial.

Para Genro, não há nenhuma informação concreta ou consistente e nenhum dado técnico confirmando que o regime militar brasileiro tenha articulado um atentado contra João Goulart. "Se isso chegar ao ministério, obviamente será investigado, vai ser verificado", reiterou. "Mas até agora não chegou e o que há é apenas uma informação desse cidadão (Barreiro) do qual não se tem nenhuma visão de confiabilidade", observou o ministro.

Apesar de exigir informações concretas, Genro não descarta a possibilidade de João Goulart ter sido assassinado. O ministro contou que passou um mês na fazenda do ex-presidente no Uruguai, quando também estava no exílio, nos anos 70, e percebeu que ele vivia uma vida simples, sem qualquer precaução com sua segurança costumando receber muitos visitantes com quem negociava gado ou conversava sobre política. Segundo Genro, o panorama histórico daquela época também torna possível pensar que um presidente no exílio pudesse sofrer atentados de serviços de segurança de ditaduras. "Generais chilenos legalistas e parlamentares uruguaios foram mortos na Argentina", recordou.

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