Candidatura de Nelson Jobim à presidência do PMDB em dificuldades

Para evitar que a briga pela presidência do PMDB ultrapasse os limites da convenção nacional do próximo domingo e chegue aos tribunais, o atual presidente da legenda, Michel Temer (SP), desautorizou seus correligionários a recorrerem à Justiça para tentar impugnar a chapa encabeçada pelo ex-ministro do Supremo tribunal Federal (STF) Nelson Jobim.

 Uma sucessão de erros na apresentação da chapa de Jobim abriu brecha para um pedido de impugnação da candidatura, apresentado ontem ao partido pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Mas o próprio deputado confidenciou a amigos que seu recurso administrativo não visa a pôr fim na disputa.

Cunha não quer impedir a convenção pela via judicial. Confiante na reeleição do atual presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), ele fez um movimento político de olho nas vagas que a chapa de Jobim eventualmente obtiver no futuro diretório nacional do PMDB.

Como a contabilidade da campanha da reeleição aponta vitória, com cerca de 60% das vagas do diretório nacional, o objetivo é deixar que Temer vença Jobim no voto, para buscar, na Justiça, os 40% restantes, que caberiam aos dirigentes eleitos pela chapa de Jobim. Afinal, a direção partidária é composta na proporção exata dos votos que cada candidato alcançar, no universo de 782 votos dos convencionais.

Ciente da movimentação de seu aliado, o próprio Temer tratou de esclarecer que não participará de nenhuma manobra política para vencer Jobim ?no tapetão?, recorrendo à Justiça para impedir a candidatura adversária. ?Do ponto de vista legal, a chapa apresentada por Jobim é inaceitável, porque está incompleta, mas não quero que isto (o recurso) vá para o Judiciário, nem quero tumultuar a convenção?, disse Temer.

Batizada de ?Ulysses Guimarães?, a chapa de Jobim ficou devendo pelo menos um nome na lista dos 119 candidatos a membros do diretório nacional do PMDB, apresentados ao partido na sexta-feira. É que o nome de José Luciano Barbosa (AL), ex-ministro da Integração Regional do governo Fernando Henrique Cardoso, aparece duas vezes, listado em 72.º lugar e, mais adiante, na 118.ª posição.

Pelo estatuto partidário, a falta é motivo suficiente para a impugnação, que Temer rejeita. Ele vai dar novo prazo a Jobim, para que complete sua chapa e apresente a autorização pessoal de cada um dos 119 candidatos, que também está devendo.

?O que está em jogo agora não é a convenção nem a vitória de Temer, da qual não temos dúvida?, disse Cunha a um peemedebista que comanda a campanha de Temer. O deputado explicou que recorreu apenas para cumprir o rito legal e, com isto, garantir a possibilidade futura de um recursos à Justiça, o que lhe seria cassado caso ele não protestasse agora.

Os erros políticos e legais do candidato Jobim não param aí. Ao apresentar a deputados e senadores o ?Manifesto da Unidade?, justificando sua candidatura, ele incluiu nomes governadores, deputados e senadores na lista de apoios que exibiu ao final, à revelia dos apoiadores.

Foi assim com o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), e com o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF), que aproveitou a visita de Jobim ao Congresso para pedir que retirasse seu nome de sua chapa. Também citado na chapa de Jobim e entre os apoiadores do manifesto, embora participe da do time adversário, o deputado Wladimir Costa (PMDB-PA) comunicou a Temer, oficialmente, que não autorizara a inclusão de seu nome na chapa ?Ulysses Guimarães?.

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