Câmara adia tombamento do antigo Museu do Índio

A Câmara dos Vereadores do Rio decidiu adiar para a próxima semana a votação do tombamento do prédio do antigo Museu do Índio, ameaçado de demolição por causa das obras de reforma do Maracanã. As informações são da Agência Brasil.
As galerias do plenário ficaram lotadas desde o início da tarde de ontem, com manifestantes a favor da preservação do imóvel, onde começou o Serviço de Proteção ao Índio, comandado pelo marechal Candido Rondon.
Apesar da pressão popular, a matéria só foi colocada em votação depois das 22h, quando já não havia o quorum mínimo necessário para a aprovação, de 26 parlamentares. Mesmo assim, os vereadores presentes votaram o projeto de tombamento, que registrou 18 votos a favor e nenhum contra, pois a bancada do governo já havia se retirado.
O cacique Carlos Tukano, que lidera a ocupação do prédio pelos índios, que fundaram a Aldeia Maracanã, fez questão de acompanhar a sessão e disse que haverá resistência à tentativa de retirá-los do imóvel. “Não vamos arredar o pé. Estamos recebendo gente de outros estados para resistir. Queremos que o Brasil mostre ao mundo que respeita os índios, os primeiros habitantes desta terra. Se algo acontecer, será muito ruim para a imagem do país lá fora”, declarou.
O vereador Reimont (PT), um dos autores da proposta de tombamento do Museu do Índio, juntamente com Eliomar Coelho (PSOL) e Leonel Brizola Neto (PDT), lamentou a postura da Câmara. “Nós perdemos a oportunidade de dizer ao mundo que a cultura indígena pode ser preservada sem prejudicar o sucesso da Copa e das Olimpíadas. Ao não oferecer quorum, a Câmara não cumpriu o seu papel”, criticou.
O presidente da Câmara, Jorge Felippe (PMDB), disse que a matéria poderá entrar em pauta na próxima quarta-feira. O projeto de tombamento da escola municipal que funciona ao lado do Maracanã e também está ameaçada de demolição, não pôde ser votado porque foi apresentada emenda à matéria, forçando um novo trâmite entre as comissões da Casa, o que só deverá estar concluído no próximo ano.
Os vereadores aprovaram o orçamento para 2013 e também o projeto que institui o campo de golfe olímpico, na Barra da Tijuca, em um processo que inclui aumento de gabarito para construção de edifícios, e a redução de 58 mil metros quadrados de uma APA (área de proteção ambiental). Duas emendas apresentadas de última hora foram aprovadas, garantindo a isenção total de impostos municipais do futuro campo de golfe.
Após o encerramento da última sessão, que terminou por volta das 22h30, os manifestantes deixaram o prédio da Câmara protestando e acabaram entrando em conflito com o vereador Luis Carlos Ramos (PSDC), da base do governo, que estava em um bar próximo. O parlamentar permaneceu no banheiro do estabelecimento e só saiu escoltado pela Polícia Militar, chamada para controlar o tumulto. Mesmo assim, o vereador foi hostilizado pelos manifestantes.

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