Buarque incita estudantes a fazerem protestos

Brasília – O ministro Cristovam Buarque sugeriu, ontem de manhã, aos alunos de uma escola de ensino médio do Distrito Federal, que se unam e façam uma passeata até o Congresso Nacional para reivindicar mais recursos para a educação, aproveitando que o Orçamento da União será votado até outubro. Ele se reuniu com cerca de 400 estudantes, durante um “bate-papo”.

Cristovam Buarque que foi reitor da Universidade de Brasília e governador do Distrito Federal, antes de ser eleito senador e, agora, ministro da Educação, disse na conversa com os estudantes que o Brasil nunca deu prioridade à educação. Ele reafirmou a sua posição de que o País finge que dá educação ao povo brasileiro, depois de dizer que a universidade pública brasileira é para elite.

Indagado pelos alunos sobre a política do governo para o setor, o ministro informou que uma das propostas é tornar o ensino médio obrigatório e que o curso passaria de três para quatro anos. Explicou que com isso os alunos poderiam também aprender uma atividade profissional como mecânica, computação, teatro, entre outras.

As críticas do ministro chegam em meio a especulações de que ele deixará o MEC na reforma ministerial, que deverá ocorrer no mês que vem. A reforma permitirá a entrada do PMDB no governo Lula, como acordado durante um almoço no começo de setembro em Brasília. Na ocasião, o presidente afirmou que depois de dez meses de governo, os “companheiros que não se adaptaram a seus cargos não vão se adaptar mais”.

Na conversa com o peemedebistas, Lula afirmou que nenhum ministro é insubstituível, com exceção de José Dirceu (Casa Civil), Antônio Palocci (Fazenda), Luiz Gushiken (Comunicação do Governo e Gestão Estratégica) e Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência). As críticas do ministro da Educação ao repasse de verbas não são novas. Em junho, Buarque afirmou que o governo pode fracassar na área social por falta de dinheiro e excesso de burocracia. Em várias ocasiões, o ministro disse que seriam necessários no mínimo R$ 25 bilhões a mais por ano para realizar as ações propostas pelo MEC.

No entanto, as críticas que Cristovam vem fazendo tiveram resposta rápida e elas vieram da mulher do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A socióloga Ruth Cardoso disse que não compartilha com a opinião de Cristovam Buarque, de que o Estado não deveria dar universidade gratuita para uma elite que, segundo ele, estuda apenas para ficar mais rica com o diploma. Durante uma palestra em que tratava dos novos paradigmas na relação entre o Estado e a sociedade para o desenvolvimento social, dona Ruth classificou de “confusão” a idéia defendida pelo ministro. “A universidade pública não é um lugar só de elite”, disse Ruth Cardoso.

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