Brasileiro é preso na Alemanha acusado de matar a filha

Ao descer no aeroporto de Munique, na Alemanha, na manhã da última quinta-feira, o analista de sistemas Daniel Nicoletti, 26, foi surpreendido com a seguinte notícia: ele estava na lista de procurados pela Interpol e seria imediatamente encaminhado à prisão. O motivo: ele havia sido condenado na Argentina pelo homicídio da própria filha.

O destino de Nicoletti era a República Tcheca, onde iria participar de um evento de computação. Durante a escala no aeroporto de Munique, ele foi cercado por policiais da imigração. Segundo sua mulher, Elisabeth Nicoletti, 29, Daniel está preso com outros oito homens na penitenciária da cidade e, desde o dia da prisão, ela não consegue contatá-lo.

Elisabeth conta que o casal se mudou para Entre Ríos (Argentina) no ano passado, para ela cursar medicina. Em abril, eles sofreram um acidente de trânsito em que sua filha de um ano e quatro meses morreu.

A mulher diz que a culpa foi de outro veículo, dirigido por um homem de 85 anos. Arrasados, eles voltaram ao Brasil com o outro filho pequeno, gêmeo, enquanto a polícia local investigava o acidente. Eles informaram o endereço em São Paulo e contrataram uma advogada argentina para cuidar do caso, mas nunca receberam nenhuma notificação.

Só agora, depois de Daniel ser preso na Alemanha, ela descobriu que a Justiça procurou o marido na Argentina por três vezes, e que ele acabou condenado à revelia pela morte da filha. “No início, nossa advogada disse que o processo envolvia apenas a questão do seguro do carro. Agora ela me disse que havia abandonado o caso por motivos pessoais”, conta Nicoletti.

Ainda segundo a mulher, a polícia alemã pediu que a Justiça argentina enviasse os documentos do caso antes de deportá-lo, mas que eles recusaram.

Segundo o Itamaraty, se a Argentina não enviar o processo, a polícia alemã terá de liberá-lo. O consulado brasileiro na Alemanha está acompanhando o caso.

Nicoletti está sem dinheiro [viajou apenas com cartões], diz a mulher, e ainda precisa pagar as refeições na prisão e uma advogada alemã que foi designada para o caso.

Elizabeth procurou amigos do marido e arrecadou em uma “vaquinha virtual” cerca de R$ 4.200 pagar sua passagem à Alemanha.