A matemática Thelma Krug, de 64 anos, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foi eleita na quarta-feira, 7, para ocupar uma das três vice-presidências do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). É a primeira vez que um brasileiro ocupa o segundo posto mais alto nos quadros do painel científico, ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), que produz relatórios de avaliação sobre as mudanças climáticas.

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Thelma vai dividir o cargo com a americana Ko Barrett, da agência para oceanos e atmosfera dos EUA (Noaa), e com o malês Youba Sokona, diretor de Desenvolvimento Sustentável do South Centre, na Suíça. Na terça-feira, o economista sul-coreano Hoesung Lee havia sido eleito presidente.

Ex-secretária nacional de Mudança Climática do Ministério do Meio Ambiente (no governo Lula), Thelma foi uma das responsáveis pela implementação do sistema de monitoramento por satélite da Amazônia – o Prodes, que aponta a taxa oficial de desmatamento – e pelo primeiro inventário nacional de emissões de gases estufa.

Em entrevista, a pesquisadora afirma que um dos maiores desafios que o painel científico tem daqui para frente é melhorar a produção de informações mais regionalizadas sobre as mudanças climáticas. “É fundamental que os formuladores de políticas sejam mais bem comunicados dos impactos e riscos potenciais, permitindo, assim, que possam tomar decisões. Isso depende de uma melhora dos modelos regionais, o que ainda é um desafio grande para a comunidade que trabalha com modelos climáticos. Há esperança de que esses modelos sejam aperfeiçoados no próximo relatório de avaliação do IPCC, que se inicia sob esse novo conselho”, disse.

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A pesquisadora também ecoa uma das propostas do presidente Lee (mais informações no texto ao lado), de aumentar a participação de pesquisadores dos países em desenvolvimento no painel. “Há uma menção recorrente de que existe uma lacuna de dados e informações de países em desenvolvimento. Na minha opinião, esses dados existem em vários desses países, mas não são facilmente identificados”, afirma. “A identificação e o fortalecimento de redes existentes de pesquisa, particularmente regionais, podem ser úteis para ajudar a superar essa questão. Cada um dos três vice-presidentes poderia concentrar-se em duas regiões.”

Mais mulheres

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Além de Thelma e Ko Barrett, outras duas mulheres foram escolhidas entre as seis vagas de copresidência dos grupos de trabalho do IPCC na eleição que está sendo atualmente realizada na Croácia. Para a brasileira, essa foi a maior mudança em relação ao quadro anterior, que tinha em sua maioria homens.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.