Brasil investe na cura das doenças irreversíveis

Brasília – Paralisias cerebrais, lesões na medula e doenças do coração. Doenças que eram irreversíveis até pouco tempo atrás e hoje têm alguma chance de cura. Essa é a expectativa de médicos e cientistas que pesquisam as células-tronco. Elas têm a capacidade de se transformar em qualquer outra célula do corpo humano e, por isso, podem ajudar na reconstituição de alguns tecidos. No Brasil, as primeiras pesquisas com as células-tronco embrionárias devem ter início em agosto.

O ministério da Saúde, Humberto Costa, divulgou que 104 projetos de pesquisas foram apresentados por diversas instituições brasileiras. ?Eles disputarão os R$ 11 milhões oferecidos pelo governo para o desenvolvimento de pesquisas com embriões?, afirmou.

?Até o dia quatro de agosto, uma comissão julgadora analisará as propostas e selecionará as pesquisas que receberão o financiamento?, continuou o ministro.

Para a pesquisadora do departamento de biologia da Universidade de São Paulo (USP), Lygia da Veiga Pereira, iniciar as pesquisas com células-tronco embrionárias no Brasil é uma oportunidade de acompanhar uma área extremamente promissora na biomedicina. Mas ela alerta que o financiamento não pode parar nas pesquisas iniciais.

?O fundamental é que o financiamento das pesquisas seja, depois, consistente. É importante o governo já se preparar para daqui a algum tempo ter mais verbas disponíveis para a gente poder seguir essas pesquisas que são coisas de longo prazo?, diz Lygia.

A utilização de células-tronco de embriões nas pesquisas brasileiras foi permitida com a aprovação da Lei de Biossegurança, em março. A lei, no entanto, apresenta algumas restrições. Só poderão ser utilizados embriões doados com o consentimento dos genitores e que estejam congelados há pelo menos três anos.

O governo também financiará experimentos com células-tronco adultas, derivadas da medula óssea, do cordão umbilical e de outros tecidos. O objetivo, segundo a diretora do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Suzanne Serruya, é verificar o potencial de uso das células-tronco na medicina e melhorar os tratamentos já existentes no País.

Uma parcela de R$ 8 milhões deverá ser desembolsada ainda este ano. Do total previsto no projeto, R$ 5,5 milhões serão repassados pelo Ministério da Saúde e o restante pelo de Ciência e Tecnologia. Os estudos terão de ser desenvolvidos em até um ano e incluem pesquisas em laboratório e experimentos em animais e seres humanos.

Na semana passada, iniciou-se a fase de experiências em seres humanos (chamada de etapa clínica) do maior estudo com células-tronco adultas para o tratamento de doenças do coração já realizado no mundo. Serão submetidos a testes clínicos pacientes portadores de quatro diferentes doenças: infarto agudo do miocárdio, doença isquêmica crônica do coração, cardiomiopatia dilatada e cardiopatia chagásica.

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