Brasil insiste: guerra é negócio ruim

Brasília

– O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, defendeu ontem, durante exposição feita a senadores do PT, o alinhamento do Brasil com os países contrários ao bombardeio ao Iraque pelas forças dos Estados Unidos. Embora avalie que ainda há cerca de 10% de chances de a paz ser preservada, Amorim ressaltou que um cenário de guerra traria conseqüências sombrias para a economia brasileira. Além dos efeitos do inevitável aumento do preço internacional do petróleo, o conflito elevaria a aversão dos mercados ao risco-país e forçaria o governo a “redobrar” seu esforço monetário e fiscal. “Não se trata somente de receio dos impactos diretos do aumento do preço do petróleo.

“A guerra aumentará a instabilidade dos mercados internacionais e isso trará uma nova onda de aversão ao risco. Quando se fala em risco, fala-se na escassez dos fluxos de investimentos externos para as economias em desenvolvimento, como a brasileira”, explicou Amorim aos senadores da bancada petista e seus aliados.

“Os esforços de política macroeconômica teriam de ser redobrados. Haverá mais arrocho e recessão”, arrematou. Amorim disse que estimativas em poder do Itamaraty indicam que o preço do barril de petróleo poderá alcançar US$ 50 caso haja um conflito de longo prazo no Oriente Médio. Até ontem, a cotação se mantinha em torno de US$ 37. Embora o Brasil importe apenas 10% de suas necessidades de petróleo, o aumento da cotação internacional repercutiria sobre toda a economia, pressionando custos de produção e de comercialização, com forte efeito inflacionário.

Segundo Amorim, os interesses econômicos do Brasil, aliados a princípios humanitários e de defesa da paz, levam o governo a explorar a remota possibilidade de impedir o conflito. O chanceler reconheceu que a capacidade de articulação internacional de um país em desenvolvimento, como o Brasil, é limitada.

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