Lula e Fidel Castro: aliados
contra Estados Unidos.

Quito – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva almoçou ontem com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, no Equador, numa demonstração explícita de que o Brasil se contrapõe aos EUA e quer liderar as negociações na crise venezuelana. Enquanto o Brasil defende as posições do governo constitucional, os EUA dão guarida às oposições. Ambos tentam definir o formato e os países do “grupo dos amigos da Venezuela”, que atuará junto à OEA (Organização dos Estados Americanos) para a resolução do impasse.

A idéia da criação do grupo é brasileira, os EUA acabaram aderindo e estão enviando hoje para Quito o assessor da Casa Branca para América Latina, John Maisto, com a missão de conversar com a delegação brasileira. Além de Lula, irão o chanceler Celso Amorim, o assessor de Lula para a área internacional, Marco Aurélio Garcia, e o embaixador brasileiro em Caracas, Ruy Nogueira.

Reticentes em expor publicamente suas divergências com o Brasil com relação à crise na Venezuela, a direção da OEA (Organização dos Estados Americanos) e a delegação norte-americana presentes ontem à posse de Lucio Gutiérrez na Presidência do Equador, tentaram “enquadrar” o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua equipe de política externa.

No entanto, ontem o secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), César Gaviria, anunciou a criação do Grupo de Países Amigos da Venezuela, formado por Brasil, Chile, Espanha, Estados Unidos, México e Portugal, para buscar uma saída pacífica à crise venezuelana. O anúncio foi feito por Gaviria depois de uma reunião em Quito com os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; do Chile, Ricardo Lagos; do Peru, Alejandro Toledo; e da Bolívia, Gonzalo Sánchez de Lozada.

O secretário-geral da OEA, que dirige as negociações no conflito aberto entre a oposição e o governo venezuelano, assegurou que esse grupo de países amigos buscará uma saída negociada e pacífica para a crise e que não pretende impor seu critério.

A crise venezuelana colocou Brasil e Estados Unidos em lados opostos, de forma pouco vista nos últimos anos. A Casa Branca e o secretário-geral da OEA, César Gaviria, tentaram dizer a Lula que seus contatos com o presidente Hugo Chávez “não ajudaram a solucionar” a crise política e minaram os esforços feitos durante dois meses pela OEA para pacificar a Venezuela. Também tentaram convencer Lula de que, em vez de organizar um “grupo de amigos da Venezuela” com a participação de países de fora das Américas, o Brasil deveria apoiar um grupo de “amigos da OEA”.

Anteontem, pela primeira vez, a divergência entre EUA e Brasil no caso da Venezuela ficou explícita. Richard Boucher, porta-voz do Departamento de Estado, reconheceu publicamente que os EUA não gostaram da proposta de Lula para resolver a crise.

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