Brasil é “líder dos pobres”, diz italiano

Manaus – Para a esquerda européia, o Brasil conquistou a condição de "líder das nações pobres do mundo" e agora tem o desafio de equilibrar seus próprios interesses políticos com essa posição, disse ontem Vittorio Agnoletto, italiano que é deputado no Parlamento Europeu representando o grupo Esquerda Européia Unida (European United Left). "Essa liderança está no imaginário europeu hoje. Não que seja fácil, mas acho que é possível o Brasil fazer a mediação entre interesses nacionais e a liderança mundial. Eu peço ao Brasil que defenda o interesse de todos os países pobres."

Agnoletto também integra o comitê internacional do Fórum Social Mundial e está no Brasil participando do 4.º Fórum Social Pan-Amazônico, que termina hoje em Manaus. Médico, Agnoletto conta que se integra à coalizão de mais de mil movimentos sociais na Itália, representando a Liga Italiana pela Luta contra a Aids. Ele também atuou como porta-voz em manifestações promovidas por movimentos sociais em Gênova, em julho de 2001, durante reunião do grupo dos países ricos, o G-8. Os protestos resultaram na morte pela polícia de um jovem ativista, Carlo Giuliani.

O parlamentar e ativista explica que essa condição surgiu principalmente a partir da articulação do Brasil nas negociações da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio. Particularmente, após uma reunião em Cancún, no México, em 2003, quando, junto com a Índia, a Nigéria e outros grandes países em desenvolvimento, o Brasil formou o chamado G-20. Esse "Grupo dos 20" formalizou na ocasião uma proposta de consenso para a liberalização do comércio agrícola no mundo num movimento que Agnoletto considera "fantástico". "É a única possibilidade de parar os Estados Unidos e a União Européia, que utilizam mecanismos de dumping para viabilizar sua agricultura."

Desde então, essa aliança entre os países em desenvolvimento vem sendo mantida e suscita aproximações em outros âmbitos, como a formação do chamado Ibas (Índia, Brasil e África do Sul), grupo que vem formalizando acordos econômicos e políticos.

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