Brasil e EUA voltam a negociar criação da Alca

Brasília – O Brasil e os Estados Unidos vivem desde ontem mais um capítulo nas suas difíceis negociações comerciais. Os dois países participam da reunião do Comitê de Negociação Comercial da Alca, a Área de Livre Comércio das Américas, em Trinidad e Tobago.

O debate é preparatório para uma importante reunião ministerial em novembro, em Miami, e servirá como um termômetro das relações bilaterais. O clima entre brasileiros e americanos, que presidem juntos o processo de formação do bloco regional, não poderia ser pior. Washington acusa o Brasil de ter provocado o fracasso este mês da cúpula da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Cancún.

O governo brasileiro diz que a própria posição americana sobre subsídios agrícolas impossibilitou qualquer diálogo. Cada lado deve agora testar até que ponto vai a boa vontade da outra parte. “Há uma dificuldade grande na negociação”, admitiu o embaixador do Brasil em Washington, Rubens Barbosa. “Os EUA mudaram de posição, estão excluindo da mesa de negociações duas áreas, antidumping e subsídios, o que torna essa situação delicada.”

Apesar da troca de acusações entre Brasília e Washington nas últimas semanas, porém, o embaixador Barbosa minimiza o conflito e diz que as relações com os Estados Unidos nunca estiveram tão boas. O que não significa que o País esteja disposto a ceder à pressão do governo George W. Bush e aceitar maus acordos, seja na Alca ou na OMC.

“O Brasil está buscando encontrar um consenso para avançar na negociação, desde que sejam resguardados os interesses nacionais, que visam obter um resultado equilibrado, uma situação em que todos ganhem”, declarou Rubens Barbosa. Até agora, a regra nas negociações da Alca tem sido o cada um por si. Os americanos retiraram das discussões os dois temas de maior interesse do Brasil: subsídios agrícolas e mecanismos antidumping.

Disseram que só tratariam desses assuntos na OMC, o que acabou não sendo discutido em Cancún. O Brasil contra-atacou: tirou da agenda da Alca aquilo que mais importa aos americanos: investimentos, compras governamentais e serviços.

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