Brasil deve ajudar mediação com Farc, diz irmã de refém

A família da refém franco-colombiana Ingrid Betancourt quer um maior envolvimento do governo brasileiro na solução do conflito colombiano e na liberação das pessoas seqüestradas pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), mas deixa claro que o presidente Luis Inácio Lula da Silva não conseguirá ser um substituto para o presidente venezuelano Hugo Chávez. Em declarações à AE, a irmã de Ingrid, Astrid Betancourt, elogiou a recusa do Brasil em declarar as Farc como um grupo terrorista.

No próximo mês, o seqüestro de Ingrid completará seis anos do e a família promete reforçar a pressão internacional. "Estamos pedindo ao governo francês que envolva mais o Brasil no processo. O País é um ator importante na região e tomou um passo importante ao insistir em não classificar as Farc como uma organização terrorista. Isso permite que o governo seja um interlocutor no processo," afirma Astrid, que está na Suíça para reuniões com o governo local.

Os suíços, além dos franceses e dos espanhóis, fazem parte do grupo de mediadores que tentam encontrar um acordo para a questão dos prisioneiros e reféns feitos pela guerrilha. A idéia de Astrid é de incentivar esse grupo a usar o Brasil no diálogo conforme veja necessidade. Para ela, porém, Lula não tem a mesma capacidade de diálogo com as Farc que o presidente venezuelano. "Chávez é incontornável hoje na solução para a questão dos reféns," afirmou. Segundo ela, o presidente da Venezuela foi "eficaz" ao conseguir certas concessões dos guerrilheiros. "Ele sabe como falar com eles e é alguém que precisa estar envolvido " disse.

O presidente colombiano, Álvaro Uribe, suspendeu as negociações há poucas semanas, frustrando a família de Betancourt. "Chávez foi solicitado a entrar nas negociações desde que Ingrid foi seqüestrada," diz Astrid. "Mas não podia sem o sinal verde da Colômbia. Há poucos meses, essa autorização foi dada e os resultados foram positivos. Infelizmente Uribe suspendeu o processo. Mas Chávez precisa estar associado às negociações. Ele tem o mandato da família dos reféns," garante Astrid.

Status de terrorista

A família tenta convencer Suíça, França e Espanha a utilizarem os contatos de Chávez como forma de se aproximar de uma liberação de Ingrid. Para Astrid, um passo importante que a comunidade internacional poderia dar é a retirada das Farc da lista de organizações terroristas. "Isso ajudaria na libertação dos reféns," afirmou a irmã de Ingrid, que defende que a UE tome tal medida como um sinal para conseguir concessões dos guerrilheiros.

Uribe vem insistindo com os governos estrangeiros para que mantenham o status de terroristas para as Farc e não esconde que gostaria de ver o Brasil também adotando tal postura. "Uribe nunca quis negociar e atua de má-fé," afirma a irmã da refém. "A guerra tem sua lógica política também para o governo, e é interessante que seja mantida, inclusive para que os militares continuem recebendo dinheiro do governo americano," completa.

Voltar ao topo