Brasil cobra do Japão indústrias de semicondutores

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, cobrou na manhã desta quinta-feira (17) o governo japonês sobre o seu compromisso de instalar uma indústria de semicondutores no Brasil. Essa promessa fez parte das negociações bilaterais que culminaram com a adoção do modelo japonês de TV Digital pelo País, em meados de 2006. Em dezembro do ano passado, começaram as transmissões digitais em São Paulo. Mas, até o momento, não houve nenhum sinal sólido de Tóquio sobre o investimento na planta de semicondutores.

A cobrança de Amorim deu-se durante um encontro reservado com o vice-ministro de Negócios Estrangeiros do Japão, Hitoshi Kimura, e repetiu-se durante seu discurso na abertura do Ano do Intercâmbio Brasil-Japão, no Itamaraty, quando falou também em nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Confiamos que a fábrica de semicondutores possa ser instalada no Brasil e venha a completar a nossa parceria estratégica", afirmou Amorim. "Temos de cobrar", reiterou o embaixador do Brasil em Tóquio, André Amado.

Outra discreta advertência de Amorim, em seu discurso, foi direcionada ao tratamento do governo japonês aos mais de 300 mil brasileiros que vivem no Japão. O chanceler aproveitou-se da exposição anterior de Kimura, que havia enfatizado a importância da comunidade japonesa no processo de revitalização da economia brasileira, nos últimos anos. "É muito importante ouvir que o Japão valoriza essa presença, assim como nós valorizamos a comunidade japonesa no Brasil. Estamos certos que os brasileiros no Japão contarão com a mesma oportunidade de inclusão social que nós oferecemos aos japoneses que aqui chegaram", afirmou Amorim.

Segundo o embaixador Amado, os brasileiros no Japão não contam, efetivamente, com todo o apoio que os japoneses aqui tiveram. As principais dificuldades para os brasileiros que emigram e suas famílias estão no aprendizado do idioma e na educação, em geral, e na ausência de um acordo bilateral na área de Previdência Social. A Constituição japonesa, por exemplo, prevê que o governo tem a obrigação de cuidar da educação dos seus cidadãos – mas não dos imigrantes. A comunidade brasileira é a terceira maior do Japão, depois da coreana e da chinesa. "O que fazemos todos os dias é alertar as autoridades japonesas sobre essas omissões", afirmou Amado.

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