Braço-direito de Beira-Mar preso no Rio

Rio

– Apontados como aliados importantes de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e acusados de articular diversas ações criminosas no Rio nos últimos dois anos Jorge Alexandre Cândido, o Sombra, e o chileno Carlos Orlando Mesina Vidal, o Gringo, foram presos ontem na Favela da Rocinha. A polícia investiga se Gringo é ligado às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Ele teria ensinado técnicas de guerrilha a traficantes do Comando Vermelho.

O diretor da Polinter, Jader Amaral, disse que Gringo está no Rio desde 1998 e vem dando treinamento de manuseio de armas e resgate de presos para os criminosos. “As ações dele são técnicas e ele tem perfil de ser muito violento”, afirmou Amaral. A polícia já tinha informações de que um estrangeiro ensinava técnicas a bandidos do CV, mas ainda não tem a confirmação de que se trata do chileno.

Amaral disse que Sombra (de Vila Kennedy, na zona oeste) e Gringo (do Complexo do Alemão, na zona norte), ambos escondidos na Rocinha para escapar do cerco policial, participaram da tentativa frustrada de resgate de presos do CV do presídio Bangu 3, em 16 de outubro do ano passado, quando explosivos foram usados para derrubar o muro da penitenciária.

A ação foi coordenada com ataques ao Palácio Guanabara (sede do governo estadual), a um shopping center da zona sul e a uma delegacia do centro, que teriam o objetivo de confundir a polícia -aconteceram enquanto traficantes esperava do lado de fora da prisão com cinco picapes para transportar seus comparsas.

Além da tentativa de resgate em Bangu 3, outro episódio em que Sombra e Gringo se envolveram, segundo Jader Amaral, foi o fechamento do comércio e a queima de ônibus na Região Metropolitana dia 24 de fevereiro. Ele obedecia a ordens vindas dos bandidos presos em Bangu 1 para promover as ações criminosas nas ruas.

O delegado acusa Sombra e Gringo de terem organizado ainda a ação que usou um caminhão para derrubar a parede da carceragem da Polinter em outubro de 2001, para libertar 14 integrantes da facção. Sombra teria dirigido o veículo. Também recai sobre Gringo a acusação de planejar o roubo de um carro-forte no interior do Estado, no fim do ano passado, quando uma pessoa morreu. Na época, a polícia informou que o objetivo dos traficantes era conseguir grande quantidade de dinheiro para colocar em prática um plano para tirar Beira-Mar da cadeia (ele estava preso no Batalhão de Choque da PM). O aumento no número de assaltos registrado no período reforçou a desconfiança. A Secretaria de Segurança Pública do RJ chegou a divulgar que havia um guerrilheiro enviado ao País pelas Farc com a missão de angariar recursos e pessoal a fim de resgatar Beira-Mar. A polícia informou que o criminoso era colombiano, e não chileno. Ele seria um especialista nesse tipo de operação. Este ano, o secretário de Administração Penitenciária, Astério Pereira dos Santos, disse que as investigações continuavam.

Ontem, Santos estranhou a notícia da informação de que havia sido preso um chileno ligado às Farc na Rocinha. “Nunca vi chileno com ligação com as Farc”, afirmou. A chefe da Coordenadoria de Inteligência da Polícia Civil, Marina Maggessi, é da mesma opinião do secretário. “Não existe este papo. Gringo está no Rio desde 1996, muito antes de Beira-Mar ter sido apresentado às Farc”.

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