Bolivianos protestam contra a Petrobras

La Paz – Após percorrer cerca de 1.450 quilômetros em 44 dias, um grupo de camponeses bolivianos chegou ontem a La Paz para exigir a alta de impostos e do aluguel pago por um consórcio petroleiro dirigido pela Petrobras. Os quase 80 agricultores participantes da ação provêm do chaco boliviano, a área mais rica em hidrocarbonetos da Bolívia, que fica no Departamento (estado) de Tarija, na fronteira com a Argentina.

Junto a eles, chegaram a La Paz quinhentos manifestantes da cidade de El Alto para apoiar suas demandas contra a empresa brasileira que opera no campo San Alberto em sociedade com a hispânico-argentina Repsol YPF e a franco-belga Totalfinaelf. Os camponeses pretendem se reunir com o presidente do país, Carlos Mesa, para exigir que o grupo petroleiro pague aluguel pelas terras que ocupam no chaco e que os impostos subam de 18 a 50 por cento de seu faturamento.

Um porta-voz da Petrobras disse que o consórcio tem em dia o pagamento de aluguel aos camponeses que possuem títulos e que ofereceu ao grupo de manifestantes uma maior ajuda social, mas que eles pediam milhões de dólares e que por isso não se chegou a um acordo. Segundo relatório do escritório do delegado presidencial para a Revisão da Capitalização, o consórcio que opera em San Alberto não viola o regime tributário, mas apelou à ética das companhias para que aceitem renegociar com o Estado, aumento dos impostos.

O dirigente da Central Camponesa de Carapari, Hermas Pérez, disse que o setor camponês pediu três milhões de dólares ao consórcio durante as negociações nas quais o vice-ministério de Hidrocarbonetos atuou como intermediário, mas que fracassaram porque o setor não aceita os “presentes” que a empresa oferece com a citada ajuda. A jazida é uma das mais ricas da América do Sul, com reservas de 11 trilhões de pés cúbicos (0,11 trilhões de metros cúbicos) e dali exporta-se gás ao Brasil e à Argentina.

Uma delegação da Organização dos Estados Americanos (OEA) formada por 22 observadores de 10 países fiscalizará o referendo que será realizado no próximo domingo para definir o destino das reservas de gás do país.

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