O deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA) afirmou que o Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) não está tratando corretamente as mais de 3 mil cabeças de gado apreendidas na Operação Boi Pirata, realizada há mais de um mês na Estação Ecológica da Terra do Meio, no Pará.

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Segundo ele, já faz uma semana que se tem notícia da morte de vários animais. “Tem uma única pessoa para cuidar de todo o rebanho, quando seria preciso umas 12 pessoas. O Ibama não está dando assistência, não dá comida suficiente e falta água”, afirmou o parlamentar.

Como o gado não é para abate, não há interesse de frigoríficos no leilão desses animais, que já já teve duas tentativas frustradas. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do total, há 1.455 vacas e 486 bezerros. Além disso, o deputado disse que os bois, que poderiam ser abatidos, “já emagreceram muito”.

Queiroz afirmou que a população local está revoltada. Os moradores, que trabalham nas fazendas da região, temem um efeito dominó, com a apreensão do gado de outras fazendas. “Eu acho que não vão conseguir vender o gado. A população está solidária com o produtor. E se acharem um comprador, vão ter dificuldade para retirar os animais”, advertiu.

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Para o deputado, uma única medida do governo poderia ter evitado que se chegasse à situação atual. “Se o Estado indeniza as benfeitorias, acabou. A terra é mesmo do Estado. A criação da Estação Ecológica da Terra do Meio foi em 2005. Ninguém fez novas derrubadas desde o decreto. Se o procedimento fosse normal, com a indenização das benfeitorias, não haveria esse impasse”, explicou. Segundo ele, o prazo para o levantamento do valor das benfeitorias e indenização aos produtores já está vencido.

O parlamentar também disse ter alertado o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, sobre um possível confronto. “Eu disse para o ministro: vamos à mesa de negociações antes que a agressão se torne pior. Se houver sangue, a culpa será do senhor”, contou o deputado.

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Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Pará (Faepa), Carlos Xavier, não há como haver comprador se não há controle da sanidade dos animais. “Como é que vai fazer um leilão virtual em que as pessoas não sabem a sanidade dos animais?”, indagou.

Nessa quarta-feira (23), o ministro Carlos Minc disse que o terceiro leilão do “boi pirata”, que será realizado segunda-feira (28), terá preço livre, ou seja, as ofertas poderão começar com qualquer valor.

Procurado, o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Flávio Montiel, que se encontrava em reunião, não retornou as ligações. Em declarações terça-feira (22), porém, Montiel havia garantido que o fracasso dos dois primeiros leilões se devia a ameaças de políticos da região. Montiel afirmou que os compradores não devem se preocupar com a ameaça desses políticos. “Toda a segurança necessária à retirada dos animais será dada ao ganhador do leilão”, garantiu, em nota divulgada pelo Ibama.