A capital mineira teve, até a última segunda-feira, 27, 809,7 milímetros de chuva, mais que o dobro da média para todo o mês de janeiro, de 329,1 mm. É o mês mais chuvoso na cidade desde 1910, quando foi iniciada a série histórica. Desde a semana passada, as fortes tempestades castigam as regiões Sudeste e Centro-Oeste do País. Para especialistas, a intensidade dos temporais é um reflexo das mudanças climáticas.

continua após a publicidade

Na avaliação do meteorologista e climatologista José Marengo, além de o aquecimento global tornar mais frequentes fenômenos raros, os governos não estão se preparando para a nova realidade, apesar dos alertas de cientistas.

“Estamos vivendo um clima de extremos”, sustenta Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). “Os extremos de chuva estão aumentando e essa é uma tendência também para o futuro; a chuva que era para cair em um mês, está caindo em um ou dois dias.”

Para ele, o motivo das chuvas que causaram dezenas de mortes em Minas e no Espírito Santo no fim da semana passada foi a zona de convergência do Atlântico Sul, a grande faixa de nuvens que se estende da Floresta Amazônica até o oceano e é responsável pelas chuvas na região central e no Sudeste. A elevação das temperaturas do planeta, no entanto, faz com que fenômenos extremos se tornem cada vez mais frequentes.

continua após a publicidade

“A comunidade científica já mostrou que os extremos de chuvas estão ficando mais intensos e frequentes, mas isso parece ser ignorado pelas autoridades”, constata. “Os piscinões parecem ser subdimensionados, os bueiros estão entupidos com lixo que a população deixas nas ruas, os governos são mais reativos do que proativos, prevenção é muito raro nas comunidades. Ou seja: precisamos estar preparados para reduzir a vulnerabilidade da população”, acrescenta Marengo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.