Bastos admite ter se reunido com Palocci

Foto: Gervásio Baptista/ABr
Márcio Thomaz Bastos, da Justiça: envolvido no escândalo.

Brasília (AE) – O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, confirmou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que participou, na tarde do dia 23, de uma reunião com o então ministro da Fazenda, Antônio Palocci. No encontro, realizado na residência oficial do Ministério da Fazenda, também estavam o então presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Jorge Mattoso, e o advogado criminalista Arnaldo Malheiros Filho, amigo de Bastos.

O objetivo da reunião, segundo a edição da revista Veja que chegou neste sábado às bancas, era descobrir uma maneira de encobrir a participação da cúpula do governo na violação da conta bancária do caseiro Francenildo Santos Costa – que desmentira Palocci, relatando as idas do ex-ministro à mansão alugada em Brasília pelos integrantes da chamada república de Ribeirão.

De acordo com a revista, discutiu-se a hipótese de oferecer R$ 1 milhão para algum funcionário da CEF que se dispusesse a assumir a responsabilidade pela quebra do sigilo bancário. Embora confirmem ter participado da reunião, Bastos e Malheiros negam que o encontro tenha servido para tais objetivos. O ministro alega ter ido à casa de Palocci para discutir que tipos de crimes teriam sido cometidos contra o caseiro.

Malheiros confirmou a versão: "Se aconteceu algo parecido, acho difícil que fossem tratar desse assunto na frente de um estranho. Se o Márcio (Thomaz Bastos) ou qualquer um dos outros fosse forjar uma versão, não fazia sentido me chamar. Duvido que tenha acontecido."

No Ministério da Justiça, as informações são de que Bastos não tinha revelado que participara da reunião na casa de Palocci, porque o fato parecia irrelevante. Naquele momento, não havia a revelação de Mattoso, dada na PF no dia 27, de que a cópia do extrato da conta do caseiro foi levada ao ex-ministro na noite do dia 16 pelo próprio ex-presidente da Caixa.

Na noite da véspera da divulgação dos dados bancários do caseiro, ocorrida no dia 17, dois dos principais assessores de Bastos também estiveram na casa de Palocci. São eles o secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça, Daniel Goldberg, e o chefe de gabinete de Bastos, Cláudio Alencar. Apenas Goldberg ficou para uma reunião. Na mesma noite, Mattoso também esteve na casa e entregou a Palocci os extratos do caseiro.

A assessoria do Ministério da Justiça manteve a versão apresentada por Goldberg e Alencar em depoimentos prestados à Polícia Federal de que foram à casa sem que Bastos soubesse.

Leia a nota do Ministério da Justiça

NOTA À IMPRENSA

Em função de especulações e informações equivocadas veiculadas, hoje, a Assessoria de Comunicação Social do Ministério da Justiça esclarece que:

1. O ministro Márcio Thomaz Bastos não participou ou tomou conhecimento de encontro para articular suposta estratégia de defesa ou de cobertura para possíveis responsáveis pelo crime de quebra de sigilo do senhor Francenildo da Costa, ilegalidade que está sendo investigada pela Polícia Federal.

2. Thomaz Bastos compareceu a uma reunião com o Antônio Palocci, então ministro da Fazenda, na quinta-feira (23/03/2006), para apresentar o advogado Arnaldo Malheiros a Palocci. Durante o contato, Malheiros – que é um dos principais especialistas em direito penal do Brasil -, fez uma exposição, ouviu e falou sobre alguns aspectos genéricos da questão. No encontro, ao qual também esteve presente o então presidente da Caixa Jorge Mattoso, não houve qualquer menção à informação de que o executivo da Caixa havia entregado extrato bancário ao ministro Palocci.

3. Thomaz Bastos não participou de qualquer outro contato entre os citados no qual tenha sido proposto ou discutido qualquer pagamento a servidores ou envolvidos no caso. O ministro desconhece qualquer informação a respeito, o que já havia sido esclarecido reiteradamente à Veja.

4. Também ao contrário das informações veiculadas, o ministro da Justiça não declarou em momento algum que esteve totalmente incomunicável em sua viagem a Rondônia. Apesar das dificuldades naquela sexta-feira (17/03), houve possibilidades de contato telefônico com Brasília, na escala em Vilhena e Costa Marques, ocasião em que Thomaz Bastos falou com auxiliares no MJ.

5. O MJ reitera que, no primeiro dia útil após as divulgações de informações bancárias sigilosas do senhor Francenildo Costa foi aberto inquérito policial, conforme determinação do ministro da Justiça, feita já no dia anterior.

6. As investigações da PF estão avançando de forma totalmente independente e esclareceram a participação de servidores públicos no episódio, o que já resultou no indiciamento de duas pessoas. A apuração prossegue sob fiscalização do Ministério Público Federal, também por solicitação do próprio ministro da Justiça. O trabalho do Ministério da Justiça e da Polícia Federal tem sido, ao longo desse governo, marcado pela independência e pela impessoalidade.

Portanto, é completamente fantasiosa e infundada a alegada "cumplicidade" em ilações veiculadas pela revista Veja.

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

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