Base aliada mata a CPI do bingo no ninho

Brasília –  Os líderes dos partidos aliados ao governo inviabilizaram ontem a criação da CPI do bingo, apelando para um artificio regimental, que é a não indicação de integrantes. E avisaram que o mesmo procedimento vale para quaisquer CPIs que tenham como objeto o funcionamento dos bingos e o caso Waldomiro Diniz, “a não ser que haja obstáculos às investigações conduzidas e que levarão à punição exemplar dos envolvidos”.

Sem nomes para completar a comissão, os trabalhos da CPI não podem ser iniciados e ela é engavetada depois de 48 horas, só podendo ser resgatada se houver um fato novo que a justifique. A nota é assinada pelos líderes de todos os partidos aliados (PT, PSB, PPS, PTB e PMDB), com exceção do PL, partido do senador Magno Malta (PL), autor da proposta de criar a CPI.

Apesar de senadores da base aliada terem retirado o nome do requerimento, os petistas Eduardo Suplicy (SP), Serys Slhessarenko (MT), Cristovam Buarque (DF) e Flávio Arns (PR) continuam com os seus nomes na lista. O único que já avisou que não retira em hipótese nenhuma foi Suplicy. “Desde 91, nunca retirei assinatura de CPI. Eu não me sentiria bem em retirar o meu nome, mas respeito quem o fez”, disse.

O argumento da base aliada para sufocar a CPI foi o compromisso com a manutenção da governabilidade e de dar as respostas que a sociedade cobra, mas entendem que “esse é o momento que exige serenidade e compromisso com uma agenda política que impulsione o crescimento econômico e a geração de empregos no Brasil”.

Os líderes da base aliada, exceto o PL, que apresentou o requerimento para instalação dos bingos, afirmam na nota que tendo em vista a medida provisória, que proíbe o funcionamento dos bingos e as medidas que estão sendo tomadas pela Polícia Federal, pelas Polícias nos Estados, pelo Ministério Público e pelo governo federal diante do caso Waldomiro Diniz e dos bingos, entendem não ser necessária uma investigação política sobre esses fatos no âmbito do Senado Federal”.

A líder do PT no Senado, Ideli Salvati (SC), disse que o presidente da Casa, José Sarney, concordou com essa decisão, a de que não é obrigatória a indicação dos integrantes da CPI no lugar dos líderes. “O regimento interno do Senado não dá ao presidente da Casa a prerrogativa de avocar para si essa indicação, ao contrário dos regimentos da Câmara, da Comissão de Orçamento, do Regimento Comum do Congresso e das normas que regem a tramitação de medidas provisórias”, disse.

Neste ano, o líder do PPS, Mozarildo Cavalcanti (PPS-RR) requereu uma CPI para investigar irregularidades na demarcação e conflitos em terras indígenas. Até hoje a CPI não foi instalada.

Tem mais fitas do Waldomiro

Brasília – A Polícia Federal já tem certeza de que não existe apenas uma fita de vídeo comprometendo o ex-chefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, Waldomiro Diniz, com o suposto bicheiro Carlos Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Ontem, em depoimento na Superintendência da Polícia Federal, Carlos Braga, ex-chefe da área de segurança da Infraero – empresa encarregada pela administração dos aeroportos do País – confirmou que foram policiais civis de Brasília os responsáveis pela gravação na qual Diniz aparece cobrando propina e contribuições eleitorais de Cachoeira.

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