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Bancos fecham após explosões e moradores vivem rotina de viagens no interior

Moradores de três cidades paulistas vivem a rotina de viajar a outros municípios em busca de serviços bancários, após agências serem destruídas por ataques de quadrilhas com explosivos. A situação, que afeta São Bento do Sapucaí e Boa Esperança do Sul, é mais grave em Sarutaiá, no sudoeste paulista.

Alegando falta de segurança após um ataque, o Banco do Brasil fechou em 2017 aquela que era a única agência da cidade de 3,6 mil habitantes. A prefeitura foi à Justiça para pedir a reabertura, obteve decisão favorável, mas o banco entrou com um recurso.

De acordo com o assessor de comunicação Cristiano Amorim, moradores da zona rural e pessoas mais idosas de Sarutaiá não conseguem resolver o que precisam pelo celular ou no banco postal dos Correios.

“A opção que sobra é viajar para cidades vizinhas, como Fartura e Pirajú, mas é quase um dia que se perde”, ele conta. Segundo ele, até o comércio foi afetado. “As pessoas sacam o dinheiro nas agências de outra cidade e fazem as compras lá mesmo, prejudicando o comércio daqui.”

A agência foi atacada com explosivos em outubro de 2014 e não reabriu. Cansado de esperar, o dono colocou o imóvel à venda.

Em 2017, quando o banco anunciou o fechamento da agência, o prefeito Isnar Freschi Soares (PTB) entrou na Justiça com ação para que o serviço fosse mantido. Freschi alegou que a agência funcionava havia 40 anos e era essencial para o município. Em junho de 2018, o juiz Acauã Muller Tirapani, de Piraju, deu prazo de 60 dias para a reabertura, sob pena de multa diária. O BB recorreu e obteve efeito suspensivo da decisão. O julgamento do recurso não tem data prevista.

Em São Bento do Sapucaí, agências do Santander, Bradesco e BB foram atacadas no dia 11 de fevereiro último. As duas primeiras reabriram, mas a do BB continua fechada. Os usuários, entre os 10,8 mil moradores, têm à disposição um posto bancário no interior do Fórum, mas com funcionamento limitado.

“É um transtorno, pois só funciona após a abertura do Fórum para o público, às 12h30. Semana passada, precisei de dinheiro e cheguei às 11, mas tive de esperar uma hora e meia. Pior que havia uma fila imensa em frente ao Fórum, debaixo de sol. O posto só atendia uma pessoa por vez”, conta o chefe de gabinete da prefeitura, Hermes Nery.

Segundo ele, o prefeito já se reuniu com o gerente do banco público e ofereceu um espaço para a agência, como havia feito para os outros bancos, mas não houve decisão. Ele lembra que, em setembro de 2017, as agências do Banco do Brasil e do Santander já haviam sido atacadas com explosivos. “A gente entende que o banco se sente inseguro, pois há uma sensação de impotência total frente a essas quadrilhas, mas é um serviço necessário. Estamos instalando câmeras nas ruas, em convênio com a Secretaria da Segurança Pública do Estado.”

No último sábado, 23, uma quadrilha fortemente armada atacou as agências do Bradesco, Santander e Caixa Econômica Federal em Boa Esperança do Sul, de 14,5 mil habitantes, também no interior. Os prédios ficaram destruídos e os bancos não abriram na segunda-feira, 25.

No ano passado, o Bradesco e o Santander já haviam sido atacados. Nesta terça, 26, os bancos privados voltaram a funcionar, mas faltavam caixas eletrônicos. A Caixa informou que os clientes contam com atendimento numa lotérica e no correspondente Caixa Aqui, além dos meios digitais.

Oneroso

O Banco do Brasil informou que os fornecedores foram acionados para que a recomposição da agência de São Bento do Sapucaí ocorra no menor prazo possível. “Vale ressaltar que a recomposição estrutural de agências danificadas, com a segurança necessária ao seu funcionamento, é um processo oneroso e sujeito à legislação específica voltada para empresas estatais. A previsão é de que a unidade esteja funcionando normalmente em junho deste ano”, disse em nota.

“Já o atendimento de Sarutaiá permanece fechado e não há previsão de abertura, em razão de decisão judicial favorável ao banco nesse processo”, completou. Ainda segundo o BB, no sentido de oferecer atendimento complementar, os clientes contam com correspondentes bancários, além das soluções digitais de atendimento remoto. Em dois anos, foram registrados 202 ataques com explosivos a bancos no Estado de São Paulo. Foram 100 ataques em 2017 e 102 em 2018, segundo dados da Secretaria da Segurança do Estado. Os alvos foram caixas eletrônicos ou os cofres das agências, mas, na maioria dos casos, os prédios ficam destruídos.

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