As ruas do Jardim Romano, na zona leste de São Paulo, não têm esgoto, galerias de água pluvial ou bueiros. E por isso viraram córregos com mais de 1 metro de profundidade. No lugar de carros, pequenas embarcações percorrem a região. E a rotina das cerca de 2 mil famílias que tiveram as casas invadidas pelas águas do Rio Tietê não vai voltar ao normal tão cedo.

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“As águas podem baixar em oito dias, mas se as chuvas continuarem vai demorar mais”, adianta o coronel Jair Paca Lima, da Defesa Civil, que na sexta-feira percorreu o Rio Tietê da altura da barragem da Penha até Mogi das Cruzes. “O Jardim virou uma esponja, que absorve toda a água do rio.” Procurado, o Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee) não deu prazo para a água baixar. Conforme as chuvas, pode demorar semanas.

O bairro é uma antiga região de pântano e naturalmente tem um escoamento mais lento. “Somadas a isso, as saídas regulares de água foram fechadas por construções levantadas este ano em áreas invadidas”, explica Lima. Barracos de madeira e até de alvenaria se transformaram em comportas que impedem o escoamento. “Estou me referindo às novas construções e não às dos moradores antigos do bairro”, ressalta.

As autoridades já chegaram a cobrar solução rápida. “Falou-se até da instalação de bombas. Mas isso é impossível. Não tem onde jogar a água. O jeito é esperar.” O pior é a população, que permanece ali, para impedir que seu patrimônio seja roubado, mesmo colocando em risco a saúde pública. Há moradores que reclamam que já viram até cobra nas águas, tomadas pelo esgoto. “Os animais também estão procurando novos esconderijos”, admitiu o coronel. “E só poderemos avaliar a situação das casas depois que as águas baixarem.”

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