Em trechos de novas anotações do atirador da Catedral de Campinas, divulgados nesta sexta-feira, 14, ele fala da vontade de “fazer algo grande” para chamar a atenção do Estado e menciona “massacre”. João Euler Grandolpho, de 49 anos, que matou cinco pessoas e depois se matou, na segunda-feira, 10, fala em “carregar a CZ”, em referência à pistola semiautomática 9 mm que usou nos assassinatos.

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Os escritos foram encontrados em nova busca feita pela Polícia Civil no quarto de Grandolpho, na casa da família, em Valinhos. Para o delegado José Henrique Ventura, diretor do Departamento de Polícia Judiciária (Deinter 2) de Campinas, as datas nas anotações indicam que ele tinha a arma havia ao menos um ano. “As munições também são antigas, indicando que ele podia estar preparando isso (o ataque) há algum tempo”, disse.

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O conjunto de anotações foi encontrado em nova vistoria no cômodo, onde os policiais acharam também quatro carregadores de 9 mm vazios, além de muita munição solta. Nos escritos, Euler reclamava de perseguição e da falta de ação da polícia contra os supostos perseguidores. “Infelizmente (sic) elas só param com ajuda profissional (o Estado negou, minha família negou) ou com um massacre”.

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Após criticar os familiares, que chamou de “deficientes mentais”, ele escreveu: “Tenho que fazer algo ‘grande’ p/q isso provoque a necessidade do ‘estado’ fazer uma investigação rigorosa do q. aconteceu e quem são os verdadeiros culpados.” Em outro trecho das anotações, o atirador cita a sigla de um game de tiros. “Comecei a ver live ‘PUBG’. Depois de +/-3 minutos elas invadem e começam a interferência (escandalosa, por sinal) Depois de uns dez minutos, levantei e fui carregar a CZ. Pararam na hora.”

As datas nos textos indicam que muitas anotações eram recentes. “Não sei porque motivo mas hj(29/08/2018) elas estão com fogo no… Desde a madrugada.” Nas novas buscas, foram encontrados também diversos CDs que ainda serão analisados. Conforme Ventura, os novos dados reforçam a tese de que o atirador apresentava quadro psicótico e tinha mania de perseguição. “Ao que tudo indica, ele foi construindo uma história na cabeça dele com o passar dos anos. Ele precisava fazer algo que comprovasse a história da perseguição de que se dizia vítima.”

Segundo o delegado, durante a varredura no quarto, foram encontrados também artigos de jornais sobre suicídio e depressão, além de uma porção de maconha. A investigação está consultando instituições de saúde mental onde, possivelmente, o atirador passou por atendimento, conforme informações de familiares. “Até o momento não foi encontrado nenhum registro disso”, afirmou. O diretor do Deinter disse que ainda há muito material a ser analisado. “Tivemos avanços, mas a investigação continua.”