Até o final do ano, Aeronáutica promete 500 controladores

Foto: Roosewelt Pinheiro/Agência Brasil

Juniti Saito: ?Falar em buraco negro é maldade.?

Brasília – O comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, afirmou ontem, em audiência pública no Senado, que até o final deste ano 500 novos controladores militares de vôo estarão capacitados ao trabalho. Ele insistiu que a formação dos profissionais está em pleno andamento e que a edição de uma medida provisória, pelo governo, que prevê a imediata contratação de cem novos profissionais, é de extrema importância.

Ao lado do ministro da Defesa, Waldir Pires, Saito repetiu quase que na íntegra o discurso feito quarta-feira, em sessão semelhante na Câmara. O comandante da Aeronáutica negou mais uma vez que os equipamentos disponíveis no País sejam obsoletos.

Juniti Saito afirmou que não existe ?buraco negro? no espaço aéreo brasileiro. Segundo o comandante, ?o que podem existir são lacunas abaixo do nível 300, ou seja, a 10 mil pés?. Ele afirmou que essas lacunas são totalmente controladas. ?Falar em buraco negro é maldade. De fato, ele não existe?, afirmou.

O comandante da Aeronáutica também revelou que ontem cedo esteve reunido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, para conversar sobre a desmilitarização do controle de tráfego aéreo no País. Segundo o relato de Saito, Lula disse que tomará a decisão sobre assunto. ?O presidente disse que é ele quem vai decidir. Vamos aguardar?, afirmou.

Saito reafirmou ontem que a separação entre militares e civis ?leva tempo e dinheiro?. Questionado sobre sua posição em relação à desmilitarização, disse: ?Me permito não dar opinião pessoal.?

Categoria reivindica diálogo; Justiça Militar quer punição

Brasília (ABr e AE) – O presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Proteção ao Vôo, Jorge Botelho, afirmou ontem que o desejo da categoria é dialogar com o governo. ?Tentamos, a todo instante, estabelecer mesa de negociações que, até o momento, não foi instalada?, afirmou Botelho, durante audiência pública nas Comissões de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) e de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado.

Segundo ele, a falta de interlocução efetiva com o governo deixa o pessoal apreensivo. ?O desejo nosso é dialogar em clima de tranqüilidade, de diálogo franco. Queremos saber como o governo vai conduzir este diálogo?, completou.

Punição

A procuradora da Justiça Militar, Maria de Nazaré Guimarães, pediu à Aeronáutica informações sobre o descumprimento de ordens hierárquicas dos controladores de vôo do Centro de Controle Aéreo de Manaus (Cindacta 4) na greve do dia 30 de março.

No Amazonas, os controladores tornaram a insubordinação explícita ao divulgarem fotografias de quando estavam amotinados no dormitório do Cindacta 4. Com base nas informações, a promotora decidirá se pede ou não a abertura de ação penal à Justiça Militar. Se condenados por crime de motim, por exemplo, poderão ser punidos com até oito anos de prisão. O processo correrá em sigilo.

Waldir Pires diz não temer CPI

Brasília (AE) – À saída da audiência pública de duas comissões no Senado em que foi discutida a crise aérea com os principais representantes do setor, o ministro da Defesa, Waldir Pires, classificou o encontro de ontem de ?reunião admirável? e, depois de ter sido sabatinado por mais de onze horas (seis horas de audiência quarta-feira e cinco ontem), o ministro assegurou que o governo não tem, nem nunca teve, medo da instalação da CPI para investigar a crise aérea. ?Medo? O governo nunca teve. E por que teria??

Na mesma audiência, o diretor-presidente da Anac, Milton Zuanazzi, abriu o seu discurso dando explicações sobre suas declarações na véspera. Anteontem, Zuannazzi negou a existência de crise aérea no Brasil. Ontem, disse ter sido mal interpretado pela imprensa. ?Temos problemas sim. E são problemas sérios. Temos absoluta convicção que serão resolvidos?, afirmou.

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