Até FHC está pessimista com Serra

Brasília

(Das agências) -O presidente Fernando Henrique Cardoso já classifica como dificílima, em conversas reservadas, a recuperação do candidato governista ao Planalto, José Serra (PSDB), se Ciro Gomes (PPS) mantiver nas pesquisas uma dianteira de cerca de 15 pontos percentuais sobre o tucano até 20 de agosto, o início do horário eleitoral gratuito no rádio e na TV. A avaliação pessimista do presidente embute autocrítica em relação às más notícias econômicas produzidas pelo governo, como aumento das tarifas públicas e dos preços controlados pela União.

O presidente julga que o cenário externo também atrapalha. Esse efeito negativo sobrará para Serra, apesar de ele ter liberdade para marcar diferenças e criticar o governo. As pesquisas levaram o PSDB a priorizar um plano de ataque a Ciro, com o ápice no horário eleitoral. Estão sendo estudadas as gestões de Ciro na Prefeitura de Fortaleza, no governo do Ceará e no Ministério da Fazenda. A intenção também é questionar se Ciro representa mudanças por se aliar a políticos com “idéias antigas”, como Leonel Brizola.

Em Brasília, ontem, Serra pediu a ajuda dos governadores de PSDB, PFL e PMDB. Ele pretende com isso dar uma virada na campanha. Serra cobrará mais do que apoio. Vai exigir uma declaração expressa de voto e engajamento na campanha. A possibilidade dos segmentos mais conservadores migrarem para Ciro, segundo Cesar Maia, prefeito do Rio e um dos coordenadores da campanha no Estado, é outra hipótese a ser avaliada com cuidado. “Até a semana passada o voto ainda não havia se cristalizado, mas a probabilidade de cristalizar, se Ciro crescer pela direita, é muito grande”, avisa. Segundo análise de uma executiva de um instituto de pesquisas do Rio, nesta eleição “é considerável a tendência de se cristalizar o voto do eleitor com uma antecedência maior do que normalmente acontece”.

O próprio candidato José Serra acredita que a propaganda eleitoral, no rádio e na TV, reverterá a tendência de declínio. “A campanha começa mesmo quando os programas dos candidatos forem ao ar”, disse. Cético, Cesar Maia acredita que a TV pode fazer diferença, “se o voto não estiver definido”. Caso o eleitor tenha se decidido, “nem uma bomba atômica desmonta voto cristalizado a 45 dias das eleições”, adverte.

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