| Foto: Valquir Aureliano/O Estado |
| População brasileira cresce em um ritmo mais lento, revela a Síntese dos Indicadores Sociais. |
O Brasil terá uma população aproximada de 259,8 milhões em 2050 – um crescimento de quase 43% em relação a 2004. Os dados são parte da "Síntese dos Indicadores Sociais 2004", divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Seguindo a projeção da síntese, o Paraná poderá chegar a 2050 com uma população de mais de 14,5 milhões de habitantes, caso acompanhe a projeção média de crescimento esperada para o Brasil até aquele ano. Atualmente, o Paraná tem uma população estimada de 10,158 milhões e o País de 182,1 milhões. Apesar da projeção, o estudo revela que, desde a década de 70, o crescimento da população brasileira vem desacelerando em função das quedas nas taxas de fecundidade e de natalidade.
A síntese, que tem como referência os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2004 (Pnad), indica que entre 1991 e 2004 a taxa de natalidade, que mede o número de nascidos vivos por mil habitantes, passou de 23,4% para 20,6%. No mesmo período, a taxa de fecundidade da mulher brasileira (número médio de filhos que uma mulher teria ao final de seu período fértil) caiu de 2,7 para 2,3 filhos. "Estamos nos tornando rapidamente uma população envelhecida. Até 2050 deveremos estar no patamar relativo da França", explica a chefe de Identificações Sociais do IBGE, Ana Lúcia Sabóia. Ela completa que em números absolutos, porém, o Brasil pertence ao grupo dos 10 países com maior população de pessoas com 60 anos ou mais. "O índice de envelhecimento passou de 0,11 no início da década de 80 para 0,25 em 2004, ou seja, para cada 100 jovens, existiam 25 idosos", completa Sabóia.
Segundo a pesquisa, em 2004 existia um total de 7,7 milhões de pessoas com 70 anos ou mais (4,3% da população). Até 2050, esse número deve ser de 34,3 milhões (13,2% da população). "O Brasil precisa urgentemente se preparar para lidar com essa população de idosos criando maneiras de absorvê-los no mercado de trabalho e fundamentar meios para melhorar a qualidade de vida", afirma Sabóia. No Paraná, hoje, existem 978.671 idosos. Se seguir a projeção nacional, o Estado deve ter mais de 1,9 milhão em 2050.
Sexo e renda
Em relação à distribuição por sexo, acompanhando a tendência mundial, o País apresenta um número maior de mulheres idosas: para cada 100 idosas, havia 78,6 idosos. Mas Sabóia aponta uma distorção na renda dessa parcela da população. Enquanto 78,6% dos homens eram aposentados, nas mulheres a proporção não chegava a 55% – resultado da menor participação feminina no mercado de trabalho formal no passado. Contudo, a cobertura previdenciária (aposentados e/ou pensionistas) contemplava 77,4% da população com 60 anos ou mais. No caso dos idosos de 70 anos ou mais, essa proporção era superior a 90%.
Cresce índice de jovens que não vão à escola
Segundo a pesquisa, em 2004 o Brasil possuía uma proporção de 11,4% da população de 15 anos ou mais de idade que se declarava não saber ler e escrever. Uma taxa de analfabetismo superior a de outros países em desenvolvimento, como o México (9,7%,), China (9,1%), Chile (4,3%), Argentina (2,8%) e Cuba (0,2%). O quadro era mais grave no campo, cuja taxa de analfabetismo atingia mais de um quarto da população rural. O percentual de pessoas no campo que se declaravam não saber ler e escrever chegava a 25,8%, enquanto nas áreas urbanas essa proporção era de 8,7%.
A síntese apontou que quanto maior a renda, maior a taxa de freqüência escolar. Contudo, ao medir a freqüência escolar por quintos de rendimento familiar, verificou-se que dos adolescentes pertencentes aos 20% mais pobres apenas 72,1% estavam indo à escola, enquanto nos 20% mais ricos, o percentual chegava a 93,1%. O Paraná foi o único Estado do Sul que apresentou índice inferior à média regional. Enquanto a média é de 82,2%, no Paraná, a freqüência dos adolescentes nessa faixa etária é de 80,5%. (DD)
Distância entre ricos e pobres aumenta
Em 2004, os brasileiros mais ricos ganhavam 16,2 vezes mais do que os trabalhadores mais pobres. Mais uma vez, o salário das mulheres era inferior ao dos homens em ambas as classes sociais. Para os homens ocupados, essa relação era de 16,5 vezes e para as mulheres, 14,3. Entre os 40% mais pobres, o rendimento médio das mulheres representava 76% do rendimento dos homens, enquanto para os 10% mais ricos essa proporção caía para 65,9%.
O estudo mostra que os maiores rendimentos pagos naquele ano foram para os empregadores (R$ 2.366). Depois vieram os militares e funcionários públicos estatutários (R$ 1.300,10) e os empregados com carteira de trabalho assinada (R$ 784,60). Os trabalhadores domésticos receberam os menores rendimentos (R$ 355,20).
A desigualdade regional também foi marcante em 2004. Segundo a pesquisa do IBGE, os menores rendimentos foram pagos no Nordeste (R$ 492,50) e Norte (R$ 667,10). A menor diferença entre as duas regiões foi na categoria dos trabalhadores domésticos (77%). Os trabalhos de melhor remuneração com carteira assinada e também a maior proporção de empregadores estavam concentrados nas regiões Sudeste (39,4% e 4,5%, respectivamente) e Sul (35,1% e 5,2%, respectivamente).
Já a maioria dos trabalhadores informais e por conta própria, que totalizavam 40,2% da população ocupada em 2004, estavam mais concentrados no Norte (13,6% e 18,4%, respectivamente) e Nordeste (14,4% e 20,3%). Os militares e funcionários públicos estatutários eram mais numerosos no Norte (11,1%) e no Centro-Oeste (12,4%). (DD)
Mais mulheres chefiam famílias
A pesquisa divulgada ontem pelo IBGE mostrou que 29,4% dos 56,1 milhões de famílias brasileiras eram chefiadas por mulheres em 2004. Segundo o instituto, a maior proporção de chefia feminina se dava na faixa dos 60 anos para cima (27,4%). Já entre os homens, 35,3% dos responsáveis pela família tinham entre 25 e 39 anos. "Como a população está envelhecendo, muitas idosas hoje são chefes de família no Brasil, viúvas que sustentam os dependentes com dinheiro da aposentadoria", revela a chefe de Indicadores Sociais do IBGE, Ana Lúcia Sabóia.
De acordo com a síntese, das famílias que tinham chefia masculina, 25,1% viviam com um rendimento familiar de até meio salário mínimo per capita, enquanto nas chefiadas por mulheres essa proporção subia para 29,6%. A região Nordeste foi a que apresentou o maior número de famílias chefiadas por mulheres, 29,3%, destacando-se o estado de Pernambuco com 31,6%. A região Norte, por sua vez, apresentava o maior percentual de mulheres chefes sem cônjuge com todos os filhos menores de 14 anos (30,4%).
De acordo com o IBGE, apenas 3,9% das mulheres ocupadas estavam em cargos de direção em 2004. Para os homens, a proporção era de 5,5%. A maior proporção de mulheres em cargos de direção foi encontrada no Distrito Federal (8,0%), resultado da elevada participação feminina no serviço público federal.
Por outro lado, nas ocupações relacionadas às ciências e artes (8,6% contra 4,2%), de nível médio (7,8% contra 6,5%), serviços administrativos (11,4% contra 5,8%), serviços (31,3% contra 11,6%) e vendedores (11,6% contra 8,4%), a participação feminina era consideravelmente maior. A Síntese dos Indicadores Sociais, elaborada pelo IBGE com dados coletados no ano de 2004, mostra que o aumento da escolaridade feminina guarda estreita relação com as reduções nas taxas de fecundidade. (DD)