Ataque de índios matou ao menos 29 garimpeiros

Brasília – A Polícia Federal confirmou ontem que foram encontrados os corpos de mais 26 garimpeiros mortos durante conflitos com índios cintas-largas no último dia 7 na Reserva Roosevelt, na região de Espigão do Oeste, em Rondônia. Com isso, sobe para 29 o número de garimpeiros assassinados no conflito. Outros três corpos haviam sido achados domingo passado. Os garimpeiros foram mortos pelos índios porque faziam garimpo clandestino de diamante na reserva.

O superintendente da Polícia Federal em Rondônia, Marco Aurélio Moura, garantiu ontem que os corpos dos 26 garimpeiros mortos na reserva indígena Roosevelt seriam resgatados ainda neste final de semana. “Os técnicos da Funai já viram os mortos e estão ajudando os nossos agentes a encontrá-los em uma busca por terra, na mata”, contou Moura. Os funcionários da Funai chegaram ao local guiados por guerreiros que participaram do ataque. Percorreram 28 quilômetros de carro e caminharam quase duas horas por picadas na mata fechada, na selva amazônica.

Os corpos foram localizados, inicialmente, por um grupo de 20 garimpeiros que invadiu a reserva no último domingo, dia em que a Polícia Federal retirou três homens mortos, na mesma região. Os assassinatos ocorreram há dez dias, durante dois conflitos entre índios da etnia cinta-larga e garimpeiros.

No entanto, o sindicato dos garimpeiros acredita que o número de mortos seja maior. Garimpeiros afirmam que, de 150 homens, somente 60 voltaram à cidade após sofrerem um ataque de índios na área dos cintas-largas. As mortes criaram um clima de tensão entre índios e brancos. Para evitar eventuais represárias, cerca de 50 índios da etnia cinta-larga fugiram, ontem, de Espigão do Oeste, em Rondônia. Homens, mulheres e crianças deixaram as próprias casas porque foram ameaçados de morte por garimpeiros. Eles disseram que iam buscar ajuda na sede da Funai em Cacoal.

O presidente da Funai, Mércio Pereira, disse que os índios cintas-largas podem ter cometido o crime em defesa da terra deles. Segundo o presidente da Funai, desde o ano passado os índios, a fundação e a Polícia Federal vêm tentando, sem sucesso, expulsar da área os garimpeiros que insistem na extração de diamante dentro da reserva indígena. “Nós sentimos muito pelos que morreram, pelas famílias enlutadas, por seus parentes. Mas nós também precisamos dizer ao povo brasileiro que os índios estão defendendo as suas terras. Os garimpeiros estão completamente ilegais”, afirmou.

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